As novas tecnologias, principalmente a inteligência artificial (IA) e a IA generativa (Gen AI), bem como as questões ambientais, sociais e de governança (ESG), estão no radar dos CEOs das empresas de energia, recursos naturais e indústria química (ENRC).
Entre os desafios mais relevantes do setor, incluem-se o atendimento às mudanças regulatórias em constante evolução, a aquisição e capacitação de talentos para que lidar com as novas tecnologias e os custos altos da descarbonização.
Estes e outros insights podem ser conferidos no relatório “KPMG 2024 CEO Outlook: Energia, Recursos Naturais e Indústria Química”, elaborado pela KPMG com base nos dados trazidos pela pesquisa 2024 Global CEO Outlook.
O texto ressalta que o setor de ENRC está no epicentro de grandes transformações globais, principalmente devido ao papel fundamental que essa indústria desempenha no enfrentamento das mudanças climáticas.
Os CEOs reconhecem que existem desafios e oportunidades inéditos em meio a esse cenário complexo de transformações econômicas, sociais e tecnológicas. Mais uma vez, a pesquisa realizada pela KPMG destaca o otimismo resiliente dos CEOs do setor, alicerçado em sua experiência em navegar por turbulências e sua capacidade de inovar.
Nada menos que 82% dos respondentes se mostraram otimistas quanto às perspectivas de crescimento de suas organizações, superando a média geral de todos os setores (78%).
Essa visão positiva se deve a diversos fatores, tais como: preços resilientes no setor de energia, uma economia global menos inflacionária e a possibilidade de redução de taxas de juros em mercados-chave.
No entanto, a confiança na indústria como um todo, embora sólida, é ligeiramente menor (72%), refletindo as diferenças nas perspectivas de longo prazo para segmentos como energias renováveis, combustíveis fósseis e setor químico.
Os líderes de ENRC estão priorizando estratégias que combinam inovação tecnológica, eficiência operacional e iniciativas ESG. Suas estratégias de crescimento mais relevantes incluem:
- Crescimento inorgânico (fusões e aquisições): apontado como prioridade por 30% dos CEOs.
- Investimento em iniciativas ESG: alinhando sustentabilidade com criação de valor comercial.
- Avanço da digitalização e implementação de IA generativa (Gen AI): tecnologias emergentes que podem redefinir modelos de negócios.
Os CEOs também estão atentos às mudanças nas expectativas dos stakeholders. Mais de 74% adaptaram a forma como comunicam suas estratégias ESG, reconhecendo a importância de transparência e alinhamento com os valores sociais.
A tecnologia, especialmente a Gen AI, ocupa uma posição-chave nas prioridades de investimento do setor. Quase dois terços dos CEOs consideram a Gen AI uma prioridade estratégica, reconhecendo seu potencial para automação, análise de dados e otimização de processos.
As expectativas dos CEOs em relação às novas tecnologias são bem relevantes, com 19% esperando um aumento da inovação; 17% acreditando que haverá mais eficiência e produtividade; e 16% focados em priorizar sua força de trabalho para o futuro.
Contudo, implementar IA traz desafios. As principais barreiras incluem questões éticas (57%), custos elevados (44%) e falta de habilidades técnicas (46%). Apesar disso, a adoção de IA é vista como essencial para manter a competitividade em um mercado em rápida evolução.
Quanto às iniciativas, 72% dos CEOs afirmam que essa agenda está profundamente integrada às suas estratégias de negócios, com um foco crescente na criação de valor sustentável. Além disso, 29% consideram o ESG crucial para decisões como alocação de capital e fusões e aquisições.
No entanto, atingir metas como emissões líquidas zero até 2030 ainda é um desafio significativo. Entre as principais barreiras estão a complexidade da descarbonização da cadeia de suprimentos (35%) e a falta de habilidades específicas (22%).
Os CEOs de ENRC reconhecem que os talentos são o coração de suas organizações. Por isso, estão investindo em iniciativas de capacitação e enxergando a pauta da diversidade como prioritária, com 77% dos líderes concordando que a equidade de gênero na alta liderança (C-suite) é essencial para alcançar metas de crescimento.
Entretanto, o equilíbrio entre diferentes gerações da força de trabalho apresenta desafios. Com profissionais experientes se aproximando da aposentadoria e novos talentos preferindo modelos híbridos de trabalho, os CEOs estão voltados a estimular o retorno ao ambiente presencial, visto como um catalisador de inovação e colaboração.
A pesquisa destaca uma série de riscos emergentes que preocupam os líderes de ENRC, que buscam mitigá-los com abordagens ágeis e flexíveis, equilibrando inovação com uma gestão rigorosa de custos e eficiência operacional. Entre os desafios, estão:
- Complexidades geopolíticas: citadas por 55% dos CEOs, refletem tensões como disputas por minerais críticos e conflitos regionais.
- Riscos cibernéticos: com 72% dos líderes aumentando os investimentos em segurança para proteger operações e propriedade intelectual contra ameaças relacionadas à IA.
- Volatilidade econômica: desafios associados a oscilações na demanda e nos preços.
Apesar dos desafios, os CEOs do setor de energia, recursos naturais e indústria química (ENRC) enxergam um futuro promissor, impulsionado por avanços tecnológicos, sobretudo IA e IA generativa; sustentabilidade, com estratégias ESG bem estruturadas; e um foco contínuo na capacitação de talentos.