• Estudo “Global Female Leaders Outlook” da KPMG analisa a opinião de cerca de 850 executivas pertencentes a 53 países, incluindo Portugal;
  • Apenas 38% das líderes em Portugal estão confiantes quanto ao futuro da economia do país para os próximos três anos;
  • Recursos humanos, fatores económicos e cibersegurança são os riscos mais prioritários em Portugal;
  • Cerca de 90% das líderes nacionais afirma que o volume da sua carga de trabalho aumentou na sequência das várias crises internacionais.

Cerca de 60% das líderes portuguesas acredita que, no máximo, nos próximos 10 anos haverá igualdade de género na administração das empresas, e 91% concorda que o escrutínio em volta deste tema continuará a aumentar, nos próximos três anos. Estas são algumas das principais conclusões do Global Female Leaders Outlook, desenvolvido pela KPMG junto de aproximadamente 850 mulheres pertencentes a 53 países, incluindo Portugal, sendo que somos o quarto país com maior participação efetiva a nível global, com 45 inquiridas.

Ainda no campo da diversidade e inclusão, 67% das executivas em Portugal, e 76% das líderes internacionais, defende que a igualdade de género na administração das empresas vai ajudá-las a atingir os seus objetivos de crescimento. A maioria das inquiridas, em Portugal e a nível global, está otimista em relação à evolução da diversidade nas empresas e acredita que o progresso ao nível da diversidade não tem sofrido uma desaceleração nos últimos três anos. 

Numa era marcada por várias crises internacionais, e pela volatilidade geopolítica, desde logo com a pandemia de COVID-19 ou com as guerras na Ucrânia, e Israel, 71% das executivas em Portugal afirma que, nos últimos três anos, teve de adaptar o seu estilo de liderança para fazer face aos contextos externos adversos. Perante estes cenários de instabilidade, cerca de 90% das inquiridas em Portugal e 80% a nível global, concorda que a sua carga de trabalho tem vindo a aumentar, com interferência direta na sua vida familiar e privada, na opinião de 64% das líderes portuguesas.

Pouca confiança no crescimento da economia portuguesa

Quase metade das empresárias nacionais inquiridas está pouco, ou nada, confiante em relação ao crescimento da economia portuguesa nos próximos três anos. Já olhando para a economia mundial, a confiança aumenta, com apenas 31% a mostrar-se cética em relação à sua evolução positiva. A confiança das executivas globais em relação à economia mundial segue a tendência portuguesa, com apenas 27% das inquiridas a mostrar alguma desconfiança em relação ao seu crescimento. 

Olhando para as suas empresas e para os próximos três anos, a maioria das líderes portuguesas espera um crescimento entre 0,01 e 4,99% e identifica como principais riscos a inflação e o aumento das taxas de juro (16), os riscos regulatórios (14%) e as ameaças à cibersegurança (12%). Um top-3 que contrasta, em parte, com o definido pelas executivas globais, que mantêm a inflação e o aumento das taxas de juro em primeiro lugar (18%), mas que colocam nas restantes posições, a questão do talento (12%), e a incerteza política (10%). 

ESG com impacto importante no desempenho financeiro das empresas

54% das inquiridas nacionais acredita que o desempenho financeiro da sua empresa melhorou com a implementação de programas ESG, sendo que relativamente às prioridades de investimento nesta área, para os próximos três anos, as empresárias portuguesas apostam em primeiro lugar no ambiente (51%), em segundo lugar na componente social (27%) e só depois no governance. As prioridades são semelhantes quando olhamos para as líderes internacionais, mas a distribuição é mais equilibrada: 38% pretende investir no ambiente, 29% na componente social, e 22% no governance.

O ESG continua, de resto, a ser visto como um dos temas prioritários também na relação com os stakeholders. A grande maioria das respostas nacionais (78%) indica que tem havido um interesse crescente por parte dos stakeholders em relação a critérios de divulgação e transparência de ESG do lado das empresas. 

Transformação Digital

Além do ESG, também a tecnologia é um fator determinante nas organizações. Neste campo, de acordo com o Global Female Outlook da KPMG, 78% das inquiridas no nosso país, e 73% das mulheres executivas a nível global, defende o estabelecimento de novas parcerias como fator crítico para acompanhar o ritmo acelerado da transformação digital das suas organizações.

A cibersegurança parece ser uma aposta consistente por parte das empresas, com 69% das empresárias nacionais e 65% das internacionais a considerar que as suas empresas estão preparadas para ciberataques. A transformação digital veio, assim, para ficar, e mesmo numa altura em que se fala em recessão internacional, a tendência, de acordo com 78% das líderes nacionais, será para não desacelerar a modernização digital das suas organizações. 

Perfil das inquiridas que exercem funções em Portugal/Empresas Portuguesas:

 

  • 31% das líderes são diretoras de departamento e 24% pertencem ao Board da empresa, e 13% são C-Level da empresa onde desempenham funções;
  • 49% das líderes estão há cinco anos ou mais no atual cargo e 36% exercem funções no cargo nos últimos 3-5 anos;
  • 51% das inquiridas no País tem idades compreendidas entre os 40 e 50 anos e 40% tem mais de 50 anos;
  • 84% das inquiridas têm filhos;
  • 52% das executivas dividem com o parceiro as responsabilidades domésticas/familiares; 41% tem esta responsabilidade exclusiva;
  • 16% das respondentes pertencem ao setor do manufacturing e outros 16% ao setor bancário, e 13% pertencem ao setor do asset management;
  • 63% das executivas pertencem a organizações que obtiveram, no ano mais recente, receitas anuais até 500$ milhões de USD; 17% entre 1 mil milhão e 10 mil milhões de USD;
  • 47% declara que nas suas organizações é praticado o regime de trabalho híbrido, ou seja, parte do tempo no escritório, parte em remoto; e 33% afirmam que a grande maioria dos colaboradores das suas organizações trabalha no escritório.