Rovensa

   

A KPMG tem o prazer de trabalhar lado a lado com stakeholders que apostam num futuro promissor.

A estreita colaboração da KPMG com a Rovensa, no Cálculo da Pegada de Carbono e do Reporting ESG ,tem sido essencial para a superação de vários desafios. É gratificante poder assistir a uma crescente maturidade e consistência da mesma.

Obrigado Rovensa!

Falámos com a Raquel Henriques, Associate Director of Global Communication & Sustainability na Rovensa, que nos falou sobre os desafios e oportunidades do Reporting em ESG, assim como do Cálculo da Pegada de Carbono.

   

Raquel Henriques Rovensa

1.

Numa entidade complexa e multi-geográfica como a Rovensa, o Reporting ESG e o Cálculo da Pegada de Carbono têm os seus desafios. Quais têm sido os mais relevantes no caso da vossa jornada?

 

Os nossos desafios de reporting estão efetivamente muito ligados com a nossa dispersão geográfica. Estamos presentes em mais de 40 países nos diferentes continentes, desde a América Latina à Ásia. Esses países encontram-se em diferentes patamares de maturidade em termos de ESG e, consequentemente, as nossas empresas também.

Destacando quais têm sido as três principais dificuldades:

    (In)Disponibilidade de dados e inconsistência de métricas e/ou assumptions :
    Diferentes regiões ou unidades de negócio podem ter mais ou menos dificuldade em fornecer-nos dados de ESG. E, normalmente, têm assumptions distintas dos requerimentos de reporting. Isto porquê? Existem métricas que podem ser medidas de forma diferente dependendo da legislação local, das diferenças culturais e/ou de diferentes níveis de maturidade das empresas do Grupo. Esta inconsistência levanta algumas questões na agregação de dados a nível global e na harmonização de assumptions dos indicadores de reporting dentro do Grupo.


    Sistema de recolha de dados manual:
    O facto de não termos ainda um sistema de gestão que permita a digitalização de dados de ESG é uma barreira, especialmente no caso do cálculo da pegada de carbono. Acaba por ser uma barreira tecnológica que limita a capacidade de reportar dados com maior precisão e assim permita uma melhor tomada de decisões estratégicas.


    Níveis de maturidade diferentes :
    As diferentes empresas do Grupo encontram-se em diferentes estágios de maturidade ESG e, por vezes, têm dificuldade em alinhar-se com os objetivos corporativos de ESG. Isto leva a que algumas empresas necessitem de maior capacitação e o nosso suporte para conseguirem responder às exigências de reporting atuais, e que sejam necessários fazer alguns trade-offs na recolha de dados.


    Diferentes agendas de ESG nos diferentes países:
    As prioridades de ESG diferem significativamente de país para país, a nível global. Por exemplo, preocupações ambientais podem ser prioritárias numa determinada região, e noutras não ser. Temos, por exemplo, o caso das energias renováveis, que na Europa estão na ordem do dia, enquanto no México existe ainda um elevado controlo estatal do mercado de eletricidade. Torna-se desafiante criar uma narrativa de ESG unificada.


    Integração complexa de dados:
    Integrar dados ESG de várias empresas num relatório global é complexo, particularmente quando se lida com fontes de dados, formatos e níveis de detalhe diversificados.


    Desafios de agregação:
    Agregar dados de diferentes empresas de diferentes países sem perder nuances regionais/locais é um equilíbrio delicado. O ano passado, num indicador social, identificámos um valor discrepante num indicador social que tinha por base o salário mínimo. E, mais tarde, chegou-se à conclusão que o gap estava que, nesse país/região, o salário era pago semanalmente, e não mensalmente como acontece por regra na Europa. A dispersão geográfica obriga-nos a desapegar-nos da visão ‘eurocêntrica’ e a conhecer muito bem as nuances regionais para que nada escape na agregação de dados.


2.

De que forma a colaboração com a KPMG contribuiu para a superação destes desafios?

 

A nossa parceria com a KPMG dura já há três anos, e tem sido essencial na evolução do nosso processo de reporting. Em estreita colaboração, e indo sempre ao encontro das nossas necessidades, a KPMG ajudou-nos em diferentes momentos com um kit de ferramentas essenciais para ganharmos maior maturidade e consistência em termos de reporting.

Destaco:

O mapeamento dos nossos ESG owners of information, fontes de dados, identificação dos nossos processos de controlo internos, evidências. Este exercício inicial ajudou a centralizar informação de ESG, em termos globais, e facilitou o posterior processo de limited assurance.

As sessões dedicadas de reporting com ESG owners of information. Sempre que necessário, a equipa da KPMG disponibilizou-se para fazer pequenas sessões de capacitação para assegurar que todos os nossos owners of information tinham as mesmas assumptions e o correto entendimento do que é pretendido nos indicadores de reporting, ouvindo e incorporando sempre as diferentes nuances regionais.

As recomendações de melhoria contínua dos formulários de recolha de informação e manuais de suporte. Ao longo destes anos, fomos recolhendo as dúvidas mais comuns e cocriámos com a KPMG dois manuais de suporte à recolha de informação de ESG e pegada de carbono, que distribuímos internamente aquando do kick-off do processo de reporting.

3.

Qual o papel que o cálculo da pegada de carbono e a consolidação de informação não financeira tem no processo de integração de considerações de sustentabilidade nas operações e decisões estratégicas da Rovensa?

 

O cálculo da pegada de carbono é fundamental para medirmos a nossa performance e identificarmos quais as áreas de foco prioritárias. No final do cálculo da nossa pegada de carbono, reunimos habitualmente com as diferentes áreas operacionais para discutir a performance, identificar os nossos ‘hotspots’ e possíveis ações de melhoria, em alinhamento com o nosso Net Zero Roadmap. Temos como meta reduzir em metade as nossas emissões até 2030. Portanto, torna-se crítico medir e ajustar o nosso plano de ações, sempre que necessário, para alcançarmos a meta global do Grupo.

O mesmo rationale aplica-se aos diferentes indicadores sociais e de governança. Ao consolidarmos estes dados, conseguimos identificar quais deverão ser as nossas áreas de foco, e aquelas que mais precisam de intervenção a curto prazo. Sem a consolidação de dados não financeiros, não é possível fazer uma gestão da sustentabilidade, nem garantir uma melhor performance. O facto da nova diretiva europeia de reporting – CSRD – exigir que os relatórios de gestão integrem informação não-financeira, vai consubstanciar esta tendência de colocar a sustentabilidade no centro da estratégia de negócio e no seu modelo operacional.

4.

Para as empresas que estão a iniciar a sua jornada de consolidação de informação não financeira ou o cálculo da sua pegada de carbono, quais os principais conselhos que daria?

 

Diria, muito sumariamente, que essas empresas deverão ter um foco tri-partido:

(1)    Pessoas: criar uma estrutura clara de governance de reporting com responsáveis de dados/informação com responsabilidades bem definidas e repartidas. A sustentabilidade é uma responsabilidade partilhada, pelos que mais fornecerem dados. Os owners of information deverão ser responsáveis por gerir os mesmos e melhorar a sua performance. Complementarmente, sugiro a capacitação regular destes owners de informação para que tenham um entendimento claro de todos os requerimentos de reporting atuais e da sua importância para a sustentabilidade financeira das empresas.

(2)    Processos e controlos: ter manuais com procedimentos bem definidos de recolha e gestão de informação não-financeira (Sustainability Reporting Workflow); centralizar a informação não-financeira e uniformizar as assumptions dentro da organização.

(3)    Sistemas: automatizar ao máximo o processo de recolha para que o mesmo não seja um ladrão de tempo nas empresas e/ou tire o foco do mais importante: a mobilização para a ação. Uma boa arquitetura de IT, que permita integrar os diferentes sistemas digitais nas empresas, pode ajudar a libertar tempo para análises mais detalhadas que irão contribuir para uma tomada de decisão mais informada dos órgãos de gestão das empresas.

A nossa parceria com a KPMG dura já há três anos, e tem sido essencial na evolução do nosso processo de reporting. Em estreita colaboração, e indo sempre ao encontro das nossas necessidades, a KPMG ajudou-nos em diferentes momentos com um kit de ferramentas essenciais para ganharmos maior maturidade e consistência em termos de reporting.


Raquel Henriques
Associate Director of Global Communication & Sustainability & CCO
Rovensa