Em sua 73ª edição, a publicação 2024 Statistical Review of World Energy, produzida pelo Energy Institute (EI) com apoio da KPMG e da Kearney, destaca que o consumo global de energia primária cresceu 2% em 2023 na comparação com 2022.
Esse crescimento do consumo de energia supera a média de dez anos (0,6%) e representa um aumento de mais de 5% em relação ao nível anterior a 2019. O consumo de energia primária no Sul Global tem crescido a um ritmo acelerado, ultrapassando o Norte Global pela primeira vez em 2014.
Em 2023, o Sul Global representou 56% da demanda global, com a Ásia-Pacífico respondendo por 85% desse total. Contudo, a área ainda enfrenta desafios significativos, com 750 milhões de pessoas sem acesso à eletricidade e 2,6 bilhões dependentes de biomassa poluente.
O estudo também mostra uma ligeira retração no consumo de combustíveis fósseis, embora estes ainda representem 81,5% da matriz energética global. Já as energias renováveis cresceram em ritmo acelerado, atingindo 14,6% do consumo total de energia primária.
As emissões globais de gases de efeito estufa provenientes da energia ultrapassaram, pela primeira vez, a marca de 40 GtCO₂e em 2023. O aumento de 2,1% foi impulsionado pelo maior consumo de petróleo e carvão, combustíveis mais intensivos em carbono.
As emissões provenientes da queima de gás cresceram 7%, enquanto as emissões de metano e processos industriais aumentaram mais de 5%. O preço do petróleo também é um dos pontos de destaque da publicação: apesar de uma queda de 18%, os valores são cerca de 29% superiores aos da década passada.
O consumo global de petróleo superou 100 milhões de barris/dia, com destaque para a China, cuja demanda por gasolina e diesel cresceu 15% acima dos níveis de 2019. Em toda a região Ásia-Pacífico (ASPAC), houve um crescimento superior a 5%; já na América do Norte, o crescimento de consumo foi modesto, em torno de 0,8%.
Os preços médios do gás natural, por sua vez, apresentaram quedas significativas: cerca de 30% na Europa e Ásia e em torno de 60% nos Estados Unidos. Já a produção global permaneceu estável, com os EUA responsáveis por cerca de 25% da produção mundial.
Os preços do carvão caíram 46%, mas a produção global alcançou um recorde histórico. A região da Ásia-Pacífico dominou a produção, com 80% do total. A China permaneceu como o maior consumidor global, representando 56% do consumo mundial.
A geração global de eletricidade cresceu 2,5%, alcançando 29.925 TWh. As energias renováveis representaram 30% da geração total, com destaque para o crescimento na capacidade instalada de solar e eólica:
- Adição de 186 GW em 2023, representando um aumento de 67%.
- A China liderou a expansão global, enquanto a Europa respondeu por 16% da nova capacidade solar.
- A capacidade global de armazenamento de energia por baterias também avançou, atingindo 55,7 GW, com quase metade instalada na China.
Os preços médios dos minerais essenciais caíram 26%, com destaques para o cobalto, que teve um decréscimo de 47%, e o lítio carbonato, que registrou queda de 32%. A África respondeu por 75% da produção global de cobalto, com a República Democrática do Congo respondendo por 56% do total.
De modo geral, o crescimento acelerado das energias renováveis é promissor, mas o recorde histórico nas emissões de carbono reforça a urgência de transições energéticas mais robustas e sustentáveis.
Vale ressaltar que o levantamento global feito pelo Instituto de Energia também aborda outras matrizes, como hidreletricidade, energia nuclear e biocombustíveis. Em cada tópico, o estudo destaca avanços e desafios que caracterizam o cenário energético global.