Confira os principais destaques da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP29.

Boa leitura!

KPMG ESG Insights

Para reflexão...

A 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29) ocorreu entre 11 e 24 de novembro de 2024 em Baku (Azerbaijão). O evento reuniu lideranças mundiais, cientistas e representantes de empresas para avaliar o avanço de metas relacionadas ao clima, negociar compromissos e coordenar ações efetivas.

Nesse contexto, o setor privado tem um papel central para influenciar as discussões e acelerar a transição para uma economia de baixo carbono. Cabe salientar que a presença deste setor na Conferência reforça que a preocupação com as mudanças climáticas, além de ambiental e social, é uma pauta econômica.

A título de exemplo, na COP29, empresas foram incentivadas a investir em energias renováveis e tecnologia limpa, bem como a contribuir com os fundos climáticos, como o de perdas e danos, apoiando países vulneráveis ​​na adaptação e na mitigação de impactos.

Como seu negócio contribui para as mudanças climáticas e quais ações são implementadas para reduzir os impactos? Vale refletir!

Cobertura especial COP29

Avanços do mercado de carbono

No 1º dia da Conferência, os países aprovaram a criação do mercado mundial de créditos de carbono, iniciando a implementação do Acordo de Paris. Em suma, com os padrões definidos, será possível desenvolver regras para o mercado, que visa permitir que os países compensem suas emissões de gases de efeito estufa comprando créditos de outros projetos mundiais. Em contrapartida, os compradores poderão aplicar tais créditos para alcançar as metas climáticas de seus planos nacionais. Início previsto para 2025.

O esperado financiamento climático

Após negociações intensas, a Conferência aprovou o tão esperado financiamento climático para países vulneráveis. O texto final definiu como meta de financiamento o valor de US$ 300 bilhõespor ano até 2035, montante que deverá ser destinado às nações em desenvolvimento e, assim, ajudá-las a enfrentar a crise climática. O documento também cita a meta mais ampla de US$ 1,3 trilhão por ano em financiamento “de todas as fontes públicas e privadas”, cujo valor foi estabelecido pela ONU como “o mais próximo para se mitigar os efeitos da crise do clima”.

Incentivo ao financiamento climático

Na COP29, os bancos multilaterais de desenvolvimento (BMDs) emitiram uma declaração conjunta, delineando o apoio financeiro e outras medidas para que os países alcancem resultados efetivos. Além do financiamento climático para nações de baixa, média e alta renda, os BMDs estimam, até 2030, mobilizar US$ 65 bilhões do setor privado. Para isso, foram lançadas as “Plataformas Nacionais para Ação Climática - Declaração de Entendimento Comum e Caminho a Seguir”, que reafirmam os esforços na colaboração entre países anfitriões, doadores e setor privado.

Investimentos sustentáveis

O programa Partnership for Action on Climate Transition, 1.5° (PACT 1.5°), lançado pelo Financial Centres for Sustainability (FC4S) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), durante a COP29, busca mobilizar o setor financeiro para apoiar as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) alinhadas ao limite de 1,5°C, conforme o Acordo de Paris. A iniciativa pretende envolver instituições financeiras na formulação e implementação de estratégias climáticas, promovendo investimentos sustentáveis e soluções que alinhem resiliência climática e crescimento econômico.

Aliança contra combustíveis fósseis

O Reino Unido, a Nova Zelândia e a Colômbia se juntaram a “International Coalition on Phasing Out Fossil Fuel Incentives Including Subsidies (COFFIS)”,coalização que visa eliminar o uso de combustíveis fósseis. Apresentada na COP28, a iniciativa também foca na promoção de mais transparência e na eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis, bem como incentiva uma cooperação global que mantenha condições equitativas entre os países. Ao assinarem o COFFIS, os países-membros se comprometem a publicar um inventário de seus subsídios de combustíveis fósseis até a COP30.

Brasil na copresidência da NDC Partnership

A NDC Partnership é um grupo que reúne mais de 200 países e instituições comprometidas em criar e implementar ações que ajudem a cumprir as metas do Acordo de Paris e a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O grupo foi criado durante a COP22, realizada em 2016, e busca, entre outros objetivos, facilitar a cooperação entre governos, organizações internacionais e outros players na estruturação de medidas efetivas contra os impactos do clima. Em janeiro de 2025, o Brasil presidirá o grupo com a Dinamarca.

A nova meta climática do Reino Unido

Aproveitando as negociações da Conferência do clima, o Reino Unido anunciou uma nova meta climática para reduzir suas emissões em 81% até 2035. De acordo com o governo, o país tem a missão de enfrentar a crise climática de uma forma que melhore a situação do povo britânico, investindo em energia limpa e cortando laços com mercados voláteis de combustíveis fósseis. Esse importante anúncio coloca mais pressão sobre outras nações desenvolvidas que igualmente precisam apresentar seus projetos.

Energia sustentável em áreas remotas do Pacífico

A Austrália apresentou uma iniciativa de US$ 125 milhões para apoiar nações do Pacífico no avanço de soluções de energia renovável, na melhoria da segurança energética e na transição para redes sustentáveis. A iniciativa se divide em dois programas: o REnew Pacific e a Parceria Austrália-Pacífico para Transição Energética (APPET). Ambos objetivam transformar as comunidades do Pacífico, melhorando aspectos de acesso à iluminação, à água, à educação etc., ao mesmo tempo em que reforça a segurança alimentar e as oportunidades econômicas.

Promessa mexicana

O México anunciou, no decorrer da Conferência, a meta de atingir emissões líquidas zero até 2050. Em paralelo, União Europeia, Canadá e outros países definiram metas climáticas para 2035, cujo intuito principal é definir “um modelo para outros países seguirem”. Segundo o Acordo de Paris de 2015, os países têm até 10 de fevereiro de 2025 para apresentar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), as quais determinam os compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa para 2035.

ESG na prática

Brasil contra fome e a pobreza

A Cúpula de líderes do G20 lançou oficialmente a “Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza”. A iniciativa brasileira reúne 82 países, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 31 entidades filantrópicas e ONGs. A proposta é acelerar, até 2030, os esforços globais para erradicar a fome e a pobreza em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), por meio de programas de transferência de renda entre países e arrecadação de crédito por meio de bancos multilaterais de desenvolvimento, por exemplo.

No Brasil

G20 propõe taxar super-ricos

Em comunicado final, os líderes do G20 defenderam uma taxação das pessoas mais ricas do mundo como medida de combate à desigualdade mundial. A proposta, que ressalta a importância do “total respeito à soberania tributária”, visa garantir que indivíduos de patrimônio líquido “ultra-alto” sejam efetivamente tributados. O documento também destaca, entre outros aspectos, a cooperação internacional dos países para o intercâmbio de boas práticas e a elaboração de mecanismos anti-evasão.

Brasil e Reino Unido juntos pela transição energética

Os governos do Brasil e do Reino Unido apresentaram uma nova iniciativa internacional que visa acelerar a transição para fontes renováveis de energia em escala global. A “Missão de Financiamento da Aliança Global de Energia Limpa (GCPA)” integra esforços para triplicar a capacidade instalada de fontes renováveis e dobrar a eficiência energética até 2030. Para isso, os países signatários devem ampliar o fluxo de investimento, incluindo espaço para investimentos privado, e apresentar um plano de ação até abril de 2025.

Senado aprova PL do Mercado de Carbono

O Senado aprovou o projeto de lei que regulamenta o mercado regulado de carbono no Brasil, estabelecendo o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). A nova legislação permite que empresas compensem as emissões por meio da compra de créditos de carbono, incentivando uma transição para a produção de baixo carbono. O texto autoriza empresas a adquirirem créditos de carbono de forma opcional, vinculados a projetos de preservação. A proposta agora segue para aprovação final na Câmara dos Deputados.

Taxonomia sustentável

O Ministério da Fazenda (MF) abriu consulta pública para definir a Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB), ferramenta do governo que classifica as atividades econômicas sustentáveis alinhadas aos ODS do País. O instrumento está incluso no Plano de Transformação Ecológica (PTE) e deve funcionar como um “vocabulário” para investidores interessados em práticas sustentáveis. Dividido em duas etapas de participação popular, o focoé promover um novo modelo de desenvolvimento econômico, inclusivo e sustentável. Com a implementação da TSB, o Brasil entra para o grupo de países que criaram estruturas próprias para nortear a economia verde.

Conservação da Amazônia

O governo dos Estados Unidos anunciou a consolidação de um novo pacote que inclui iniciativas de conservação da Amazônia, como parte de seu programa nacional de combate às mudanças climáticas. As ações objetivam acelerar os esforços globais no combate ao desmatamento e implementar soluções baseadas na natureza que reduzam as emissões dos gases de efeito estuda. Os EUA já anunciaram uma série de aportes: US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia; US$ 1,4 milhão como financiamento do combate a atividades criminosas com atuação em mineração ilegal; e US$ 180 milhões de investimentos na “Coalizão Redução de Emissões por meio do Avanço do Financiamento Florestal (Leaf)”.

KPMG - Impactando a agenda ESG

COP29: o caminho sinuoso rumo ao desenvolvimento sustentável

Após negociações intensas, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP29) terminou com opiniões divergentes e pouco consenso. Em artigo, Felipe Salgado, sócio-diretor líder de Descarbonização da KPMG no Brasil, que acompanhou de perto o evento, compartilhou suas percepções acerca do encontro. Na visão do líder, houve um debate conflituoso do ponto de vista das lideranças globais, mas produtivo no que concerne às ações de atores privados, os quais mostraram sua capacidade de focar na solução de problemas. Confira a reflexão do executivo na íntegra!

Para nossa rede

Integrating Nature Tech: A guide for businesses

Em colaboração com a Nature4Climate, a Nature Tech Collective, a Climate Collective e o fundo de venture capital Serena, a KPMG produziu o relatório “Integrating nature tech: A guide for businesses”. O guia traz um roteiro estratégico sobre como as tecnologias, tais como Inteligência Artificial e blockchain, ajudam na transição para uma economia positiva para o meio ambiente, ajudando empresas a reduzir riscos ambientais e aumentar a transparência ao longo de suas jornadas de sustentabilidade.

KPMG CEO Outlook 2024: navegando nas adversidades

Nos últimos dez anos, a preocupação com os pilares ESG deixou de ser uma escolha e se tornou uma prioridade estratégica. Além de uma crescente percepção sobre como as questões ESG afetam a confiança e a reputação das empresas, o caráter cada vez mais politizado dessa agenda está intensificando a pressão enfrentada pelas lideranças corporativas. Confira o que pensam os CEOs sobre ESG no estudo KPMG 2024 CEO Outlook!

A sustentabilidade no setor Siderúrgico

A indústria siderúrgica, responsável por 7% a 9% das emissões globais de CO2, tem o potencial de alavancar a transição energética rumo ao net zero. De olho nesse cenário, a KPMG elaborou o estudo “Indústria do aço e sua transição para um desenvolvimento mais sustentável", que analisou como a produção de aço, por meio do hidrogênio verde e outras iniciativas de sustentabilidade, pode ajudar no caminho rumo à descarbonização. A América Latina é uma das regiões com as melhores perspectivas de produção de hidrogênio a partir de fontes renováveis com custos mínimos de produção.

Terranautas: sustentabilidade para cérebros

Em novembro de 2024, Nelmara Arbex, sócia-líder de ESG Brasil e One Americas da KPMG, lançou seu livro “Terranautas: Sustentabilidade para cérebros”. Como navegaremos na atual realidade e construiremos um futuro melhor, que se mantenha e melhore com o tempo? Isso é possível? Esse é o tema do livro, que se propõe a oferecer aos leitores um caminho nessa direção. Muito além do ESG, a obra aponta que a percepção da interconexão e realidade ao nosso redor é essencial para nos empoderarmos e criarmos o futuro que queremos. Vale a leitura!

Nossas operações

Os impactos das COPs nos negócios

Lideranças locais e globais da KPMG que participaram da COP16, realizada na Colômbia, e da COP29, realizada no Azerbaijão, reuniram-se em um webinar para compartilhar os principais insights de ambas as Conferências. Os executivos, além de abordarem como as definições de ambos os encontros impactarão o cenário dos negócios daqui em diante, com foco no mercado latino-americano e brasileiro, debateram o que esperar da COP30. Assista!

Responsabilidade social reconhecida

Focado em mudar as vidas de crianças em situação de vulnerabilidade social, o “Projeto Pequeno Cidadão” foi premiado na categoria “Responsabilidade Social” do “Dutcham Inspire Award”, da Câmara de Comércio Brasil-Holanda (Dutcham). O Pequeno Cidadão, fruto de uma colaboração entre a KPMG, a Universidade de São Paulo (Campus São Carlos), a Fundação de Apoio à USP (FUSP) e a Prefeitura de São Carlos, oferece educação suplementar, práticas esportivas, entre outras atividades.

KPMG recebe homenagem da Britcham

Durante o evento “Conexão ESG Brasil-Reino Unido 2024”, realizado no fim de novembro, a KPMG recebeu uma menção honrosa pelas iniciativas “Implementação do Preço Interno do Carbono” e “Plano de Descarbonização”. Ambos os projetos foram indicados no Relatório de Sustentabilidade da KPMG 2023. Esse reconhecimento reforça o compromisso da Organização com a sustentabilidade, diversidade e inclusão. O prêmio foi recebido pela sócia de ESG Financial Risk Management da KPMG no Brasil, Maria Eugenia Buosi.

Conhecimento em pauta

ESG Journey | Direitos Humanos

Embora o aspecto social não seja destacado na gestão ESG, fica cada vez mais clara a conexão da dimensão humana (S) com os demais pilares (E e G). Nesse curso da KPMG Business School (KBS), o participante conhecerá e entenderá a importância das normas relacionadas aos direitos humanos e os riscos de não aplicá-las em seus negócios. Conteúdo on demand.

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Esperamos que a leitura tenha sido inspiradora.

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