O setor de saúde enfrenta inúmeros desafios, aumento da demanda, envelhecimento da população, pressão pela redução de custos, dentre outros. A transformação digital impulsionada pelo uso da tecnologia, de dados e da Inteligência Artificial (IA) surge como aliada nesse cenário.

O e-book Uso de Dados e IA na Saúde, elaborado em conjunto pela KPMG, pela FESAÚDE-SP (Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo) e e pelo SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo) contribui para a construção de um entendimento abrangente sobre o impacto das novas tecnologias em todo o ecossistema da saúde.

O uso intensivo de tecnologias e da IA oferece soluções que vão além da automação de tarefas repetitivas, promovendo uma evolução na maneira como as decisões clínicas e gerenciais são tomadas e como os pacientes são atendidos.

A tecnologia, porém, não substitui o protagonismo das equipes de coordenação de cuidados e da decisão médica. A assistência permanece humanizada, mas o aspecto operacional é potencializado, economizando tempo e recursos que podem ser redirecionados ao paciente.

A adoção da IA no setor de saúde traz à tona questões como a privacidade e segurança dos dados. A regulamentação evolui para acompanhar as inovações, buscando equilibrar o potencial transformador com a necessidade de proteger pacientes e profissionais. 

Principais resultados da pesquisa

A pesquisa contemplou profissionais representantes de todo o ecossistema do setor de saúde. Elaboramos um questionário para captar a amplitude de opiniões sobre a IA, sua utilidade e os principais obstáculos. Reunimos aqui alguns dos insights revelados pelo estudo:

  • Quando questionados sobre quais iniciativas de transformação digital implementaram nos últimos 3 anos, 57% dos respondentes da indústria farmacêutica e 67% dos respondentes de fontes pagadoras afirmaram ter desenvolvido aplicativos móveis. Já prestadores de serviço focaram esforços no prontuário eletrônico.
  • Todos os setores entrevistados estão de acordo que o principal benefício da transformação digital é o aumento da eficiência operacional.
  • Enquanto fontes pagadoras utilizam da inteligência artificial para a análise de dados clínicos, a indústria farmacêutica e os prestadores de serviço utilizam principalmente para o atendimento ao cliente.
  • Prestadores de serviço e membros da indústria farmacêutica concordam que o maior benefício do uso da IA é o aumento da produtividade, para fontes pagadoras o maior benefício é a maior agilidade em processos.
  • Para 67% das fontes pagadoras e 58% dos prestadores de serviço, a falta de conhecimento técnico é o maior desafio na implementação da inteligência artificial. Já para a indústria farmacêutica, 74% afirmam que é a resistência a mudanças.
  • Todos os setores entrevistados afirmam que a inteligência artificial pode ser aliada na promoção da saúde e na prevenção de doenças.
  • Questionados sobre os benefícios da IA para pacientes, 62% dos prestadores de serviço citaram a redução do tempo de espera, 52% dos representantes da indústria farmacêutica citaram a satisfação do paciente e 78% das fontes pagadores citaram a melhoria na precisão de diagnósticos.

Conclusões e perspectivas

A transformação digital é uma realidade inegável. As instituições de saúde têm adotado a tecnologia como um caminho inevitável. Tecnologias como big data, internet das coisas (IoT) e computação em nuvem surgem como pilares essenciais para sustentar essa evolução.

O uso da IA tem o potencial de transformar o cuidado prestado, com avanços que incluem diagnósticos mais rápidos e precisos. Soluções como a análise preditiva de dados estão facilitando o acesso e a continuidade do atendimento.

No entanto, a adoção plena da IA ainda enfrenta obstáculos significativos. Entre os principais estão a deficiência na infraestrutura tecnológica, a falta de interoperabilidade entre os diversos sistemas de saúde e os altos custos envolvidos na implementação dessas tecnologias.

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil estabelece diretrizes essenciais para o tratamento de dados sensíveis dos pacientes, mas há um longo caminho a ser percorrido para garantir o uso seguro e responsável da IA.

As perspectivas para o uso da IA são promissoras, mas seu sucesso dependerá de como as instituições de saúde enfrentarão os desafios e como a regulamentação evoluirá para fornecer a segurança de dados necessária enquanto acompanha o ritmo da inovação. 


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