A conformidade com padrões éticos mitiga problemas legais e fortalece a marca e a credibilidade das empresas. Por isso, a função de compliance é essencial para que as organizações identifiquem, avaliem e mitiguem uma ampla gama de riscos, incluindo financeiros, imagem e reputacionais. Com a implementação de processos e controles adequados, a empresa igualmente reduz a probabilidade de incidentes adversos e minimiza os danos em eventuais contratempos.

Por essas e outras razões, os programas de compliance têm sido uma prioridade crescente para as organizações em todo o mundo. Mas, na prática, como está o compliance no nosso País? Em busca dessas respostas, a KPMG produziu a sexta edição da pesquisa Maturidade de Compliance no Brasil”, que oferece uma visão abrangente dos programas de compliance implementados pelas organizações.

Com a participação de 106 empresas de diversos setores e regiões, a pesquisa traz insights sobre os desafios, os avanços e as tendências em compliance. As perguntas feitas aos participantes foram centradas nos nove pilares da metodologia de compliance da KPMG:

  1. Governança e cultura
  2. Avaliação de riscos
  3. Pessoas e estrutura
  4. Políticas e procedimentos
  5. Comunicação e treinamento
  6. Tecnologia e análise de dados
  7. Monitoramento e testes
  8. Investigações e linha ética
  9. Reporte

Resultados e análise

Os resultados da pesquisa revelaram uma média geral de maturidade de compliance de 3,09, destacando áreas de oportunidade para melhorias contínuas. Setores como Serviços Financeiros e Infraestrutura lideram com uma média de 3,43, indicando um nível mais avançado de maturidade, seguidos pelo setores deMercados Industriais eTecnologia, Mídias e Telecomunicações, ambos com média de maturidade de aproximadamente 3,10.

A participação ativa da alta administração foi evidenciada, com 68% dos executivos aprovando anualmente os programas de compliance. Contudo, áreas como o processo de background check e due diligence de terceiros mostraram espaço para avanços, com apenas 55% das empresas relatando eficiência nesse aspecto.

Outro dado significativo é que 65% dos respondentes afirmam que suas empresas possuem uma função de compliance, um aumento expressivo em relação aos 40% registrados em 2015, ano da primeira edição do estudo. No levantamento atual, apenas 3% das organizações não dispõem dessa função, enquanto 32% declararam tê-la liderada por outras áreas.

Mais de 80% das organizações afirmam perceber um reforço na cultura de compliance por parte dos executivos e conselheiros, um aumento relevante em comparação aos 59% registrados em 2015. Outros 25% consideram seu programas sustentáveis, ou seja, eles estão formalizados e apoiados por meio do código de ética e políticas; para 17% dos respondentes, seus programas são maduros, pois contam com monitoramento feito por grupo independente e suporte de uma liderança sênior.

Esses dados sugerem um alto nível de comprometimento com a conformidade e a integridade dentro de uma parcela significativa de empresas.

Os desafios e as tendências em compliance incluem a necessidade de programas de gerenciamento de riscos de terceiros, adaptação aos riscos emergentes, integração do compliance às práticas de gestão de desempenho e uma avaliação contínua de questões como privacidade de dados e segurança cibernética.

Conclusões

A pesquisa oferece uma visão detalhada e crítica do estado atual do compliance nas empresas: por um lado, percebemos avanços significativos; por outro, há áreas que claramente necessitam de melhorias.

Entre os principais aspectos que precisam ser aprimorados, destacam-se a implementação de programas de gerenciamento de riscos de terceiros (TPRM), pois muitas organizações apresentam baixa eficiência nesse aspecto.

Outros pontos fundamentais para um compliance robusto e eficaz são:

  • Necessidade de maior atenção à privacidade de dados e segurança cibernética.
  • Harmonização com iniciativas e compromissos ESG.

Assim, mesmo com a constatação de que o aperfeiçoamento das práticas de governança corporativa tem se intensificado, fica claro que a cultura de conformidade e integridade e a conscientização sobre a importância da ética nos negócios emergem como tópicos aos quais precisamos dedicar mais atenção.

Essa visão holística do compliance no Brasil vem sendo construída há quase dez anos com o objetivo de identificar as áreas que precisam ser aperfeiçoadas, pois esse diagnóstico é o ponto de partida para que o mercado possa progredir. Quando as empresas aprimoram sua conformidade, todos se beneficiam.

Por isso, mais do que descrever o estado atual da maturidade de compliance no País, a pesquisa visa fomentar um debate construtivo sobre como estruturar um ambiente de negócios mais sustentável e íntegro.

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