O setor de luxo vive um momento de inflexão. Após um ciclo de expansão global impulsionado por novos consumidores, digitalização e mercados asiáticos, as perspectivas apontam para um período de incertezas e reavaliações.
Estes e outros tópicos são abordados na publicação O Luxo em Transformação, produzida pela KPMG, que traz reflexões de líderes do setor e dados exclusivos.
O estudo destaca que:
- As vendas caíram em 2024, especialmente nos segmentos de moda, acessórios e bens de entrada.
- Foi a primeira vez, desde a pandemia, em que as vendas globais de luxo registraram queda.
- Marcas importantes iniciaram movimentos como troca de diretores criativos, revisão de portfólio e mudanças de governança.
- Moda e acessórios estão entre os segmentos mais impactados.
Quais desafios pressionam as marcas de luxo hoje?
Apesar de impactos distintos entre segmentos e regiões, alguns fatores comuns desafiam o setor:
- Queda no consumo em mercados-chave, como a China.
- Saturação de estratégias baseadas apenas em escala e volume.
- Consumidores mais atentos a autenticidade, propósito e diferenciação.
- Questionamentos sobre valor real diante da elevação contínua de preços.
- Críticas sociais e ambientais mais contundentes.
O estudo contou com 180 respondentes do setor de luxo da Europa, da Ásia e dos Estados Unidos.
O setor pode voltar a crescer a partir do final de 2025, mas o ritmo dependerá das decisões tomadas agora.
A desaceleração tem impulsionado transformações internas nas empresas, afetando da governança à proposta de valor.
Nos últimos 20 anos, o setor de luxo passou por uma profunda reinvenção: revolução digital, novos mercados, avanço das pautas ambientais e sociais – tudo isso impacta as marcas, que vêm se adaptando para acompanhar as mudanças e manter sua relevância.
Como recuperar o desejo e o valor no setor de luxo?
No curto prazo, as marcas do setor de luxo devem concentrar esforços na otimização de custos operacionais, na revisão de seus canais físicos e digitais e no reequilíbrio entre o luxo aspiracional e a exclusividade legítima.
Os respondentes também destacaram a importância de manter a clareza sobre sua identidade de marca e proposta de valor.
Essas ações são fundamentais para atravessar a desaceleração atual com resiliência, sem comprometer o posicionamento e a consistência da marca.
Como preparar o futuro com solidez?
Os respondentes destacaram que o crescimento estará vinculado a diferentes fatores, tais como:
- Reposicionamento estratégico guiado por dados.
- Inovação sem perda de autenticidade.
- Integração real de compromissos ambientais e sociais.
- Escuta ativa do consumidor e personalização de experiências.
O que o setor de luxo tem pela frente?
Será que o setor de luxo tem futuro? A resposta é sim – e esse futuro será moldado pelas decisões que as marcas tomarem hoje.
Apesar da desaceleração recente, os fundamentos que sustentam o mercado de luxo seguem sólidos. Entre eles, destacam-se:
- O desejo por produtos autênticos.
- A valorização da excelência artesanal.
- A busca por experiências exclusivas.
Esses elementos continuam a inspirar consumidores de todas as partes do mundo. No entanto, a natureza desse desejo está mudando — e as marcas precisam evoluir com ele.
O estudo O Luxo em Transformação mostra que o futuro do setor dependerá da capacidade das empresas de reinterpretar sua essência.
Isso envolve honrar o passado, mantendo os pilares que sempre definiram o luxo, como qualidade, criatividade e sofisticação e, ao mesmo tempo, abraçar as transformações culturais, sociais, ambientais e tecnológicas que moldam o presente.
A reconexão com valores autênticos e com os novos códigos culturais também será fundamental.
As marcas que compreenderem essas mudanças e se posicionarem com consistência e propósito terão mais chances de reacender o desejo dos consumidores e fortalecer sua reputação de longo prazo.
Em resumo, o setor de luxo tem futuro, sim; ele será escrito por empresas que combinarem visão estratégica, responsabilidade e coragem para inovar.