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No Brasil, mais de 90% dos investidores do setor de energia apostam em parcerias para compartilhar riscos e expertise em projetos de transição energética. Nos últimos dois anos, 64% investiram na melhoria da eficiência energética e 40% em energias renováveis e de baixo carbono.

Estas e outras constatações fazem parte do recorte brasileiro do estudo Perspectivas de Investimento na Transição Energética: 2025 em diante, produzido pela KPMG. Para a elaboração do levantamento global, foram entrevistados 1.400 executivos seniores de 36 países e territórios.

O Brasil foi representado por 50 participantes, oriundos de setores como gestão de ativos (22%), energia ou concessionárias (22%), petróleo e gás (14%) e banco de investimentos (10%). Entre eles, 54% são investidores operacionais e 46% investidores financeiros, refletindo um panorama diversificado e estratégico no contexto da transição energética no País.

A pesquisa abordou diversos fatores que impulsionam os investimentos, como políticas públicas, dinâmicas de mercado e inovações tecnológicas e financeiras, além de desafios, como a volatilidade econômica e os riscos regulatórios, especialmente relevantes para o Brasil.

O levantamento oferece uma perspectiva holística da transição energética para investidores, formuladores de políticas públicas e empresas de alto consumo energético, destacando as tendências e as barreiras que moldam a transição energética tanto em âmbito global quanto local.

Os resultados indicam que os investimentos em transição energética estão se acelerando rapidamente, com a maioria dos respondentes globais reconhecendo esse crescimento. No Brasil, 100% dos participantes concordam com essa afirmação, demonstrando otimismo mesmo diante de um cenário global de altas taxas de juros e incertezas geopolíticas.

Entre os investimentos realizados pelos brasileiros nos últimos dois anos, 64% se concentraram em eficiência energética, 52% em armazenamento de energia e infraestrutura de rede e 50% em transporte sustentável. Essas áreas representam pilares fundamentais para a modernização e descarbonização do setor energético.

A pesquisa também revelou que, embora haja um foco crescente em energias renováveis, os combustíveis fósseis ainda desempenham um papel importante na matriz energética. Entre os brasileiros, apenas 26% afirmaram que não realizaram novos investimentos em energia fóssil.

A segurança energética continua sendo uma prioridade, com o gás natural destacando-se na garantia de estabilidade durante a transição para fontes renováveis. Esse cenário reflete a importância de um processo gradual e ordenado, com a infraestrutura renovável sendo ampliada ao longo do tempo.

Outro ponto de destaque é a importância das parcerias para o sucesso dos projetos. Tanto no Brasil quanto globalmente, 94% dos investidores priorizam colaborações para compartilhar riscos e expertise.

Parcerias público-privadas e acordos de compra de energia (PPAs) são estruturas cada vez mais adotadas, permitindo maior eficiência no financiamento e na execução de projetos. A busca por previsibilidade e estabilidade regulatória também se reflete na preferência dos investidores brasileiros por projetos na América do Norte (82%), Ásia Oriental (52%) e Europa (50%).

Já os riscos regulatórios e relacionados a possíveis mudanças em políticas públicas foram apontados como as principais barreiras para investimentos em ativos de transição energética. Mudanças inesperadas na regulamentação podem atrasar ou inviabilizar projetos de longo prazo.

No Brasil, 36% dos investidores identificam esses riscos como obstáculos críticos, destacando a necessidade de políticas governamentais consistentes para incentivar investimentos em energia limpa. O fato é que um ambiente regulatório transparente e previsível é indispensável para atrair capital.

As expectativas para os próximos dois anos são majoritariamente otimistas. A redução das taxas de juros e dos custos de materiais, aliada ao apoio governamental, deve impulsionar ainda mais os investimentos.

Entre os brasileiros, 40% planejam priorizar iniciativas de armazenamento de energia e infraestrutura de rede, enquanto 38% focam no desenvolvimento do transporte sustentável. A eficiência energética também permanece uma área relevante, mencionada por 34% dos respondentes.

O estudo evidencia que o Brasil está alinhado aos players globais e bem posicionado para aproveitar as oportunidades da transição energética, enfrentando desafios locais e acompanhando as tendências globais. A combinação de investimentos estratégicos, parcerias, maior eficiência e estabilidade regulatória será essencial para alcançar os objetivos de baixo carbono.


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