Mike está envolvido no negócio global de energias renováveis nos últimos 20 anos e, nos últimos oito deles, focou em projetos que tivessem impacto na descarbonização para clientes em todo o mundo. Através do Núcleo de Descarbonização da KPMG, ele lidera o desenho e implementação da prestação de serviços como gestão de riscos climáticos, planos e alianças para atingir emissões zero, contabilidade de carbono e finanças verdes.

Mike aconselha vários gerentes de ativos internacionais, desenvolvedores, empresas e serviços públicos. Além disso, o executivo lidera uma equipe da KPMG que colabora com o Fórum Econômico Mundial nessa agenda. Como parte deste trabalho, Mike e o Fórum trabalharam em algumas propostas únicas sobre financiamento da inovação.

Segundo Mike, a ação de diversas forças dinâmicas tem feito a agenda da descarbonização avançar mais rapidamente do que se imaginava e gera desafios e oportunidades para a economia brasileira.

Como a transição global para uma economia de baixo carbono se relaciona com a economia brasileira?

Nenhuma economia está imune à transição para uma economia de baixo carbono. Para um país que faz parte da cadeia de suprimentos global, como o Brasil, há uma pressão enorme vinda de reguladores e corporações globais para descarbonizar sua própria cadeia de suprimentos. Isso claramente impactará os fornecedores brasileiros nos mercados internacionais.

Além disso, o desmatamento tornou-se uma das principais questões de mudança climática e isso claramente também tem implicações enormes para o Brasil. A crescente demanda global por créditos de carbono, principalmente em torno do tipo Redd+, disponíveis para conservação, reflorestamento e arborização, representa uma importante oportunidade para a economia brasileira.

Que setores estão reagindo mais rapidamente à transição para uma economia de baixo carbono e em quais países?

A transição para uma economia de baixo carbono está acontecendo agora em todos os segmentos e em todos os países. Dito isso, há uma série deles que estão se movendo mais rapidamente que outros. Em termos de setores, destacaria Aviação, Serviços Financeiros e Automotivo como bons exemplos, que estão reagindo mais rapidamente. Em termos de geografias, gostaria de referir a União Europeia (UE), em particular, como uma jurisdição que adota uma abordagem altamente proativa. Isso está parcialmente relacionado a desenvolvimentos da UE como o European Green Deal (incluindo o pacote Fit for 55) e o projeto EU Taxonomy em relação a informações de relatórios corporativos, entre outras iniciativas, que estão ajudando a impulsionar a transição.

Quais casos recentes você destacaria?

Há uma série de casos específicos, mas reconhecendo que ainda há um longo caminho a percorrer. Vou citar alguns exemplos.

  • A eletrificação da indústria automotiva global está acontecendo muito mais rapidamente do que eu esperava, impulsionada por uma mistura de regulamentação e demanda de clientes, levando à eliminação progressiva dos veículos a gasolina e diesel (gasóleo) num período de tempo razoavelmente curto.
  • Nos últimos 12 meses, vimos um foco muito maior das instituições financeiras no combate ao problema das “emissões financiadas”, adotando uma abordagem focada em baixo carbono para suas carteiras de empréstimos. Além disso, o anúncio da Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ) representa um marco importante, com mais de 450 instituições financeiras líderes efetivamente comprometidas com metas de net zero.
  • Há interesse e investimento significativos nas áreas de Combustíveis Sustentáveis de Aviação (SAF), que, esperamos, irão permitir reduções expressivas nas emissões de carbono dessa indústria. Especificamente, existem muitos inovadores trabalhando no desenvolvimento de novas soluções de combustível de baixo carbono, algumas das quais acredito que serão transformadoras.

Quais são os passos mais importantes para uma empresa se preparar para a transição?

Para mim são os seguintes:

  • Estabelecer uma ambição climática e uma estratégia geral clara para a empresa, levando em consideração os desejos dos principais stakeholders, incluindo investidores, funcionários, reguladores, clientes e cadeia de suprimentos.
  • Desenvolver um roteiro de descarbonização bem definido, refletindo os impulsionadores de valor específicos para essa ação no setor, considerando as várias soluções testadas e que estão emergindo.
  • Determinar o nível de habilidades e conhecimentos que serão necessários dentro da empresa para executar o plano de descarbonização e considerar a extensão em que o apoio externo será necessário.
  • Garantir que todas as partes da organização estejam totalmente alinhadas com a estratégia de descarbonização.
  • Estabelecer mecanismos para garantir que o progresso contínuo seja medido e relatado aos stakeholders.

As legislações/regulamentos são os principais impulsionadores da transição ou são as regras do mercado?

Legislação e regulamentos não são o principal motor para a transição para uma economia de baixo carbono. Embora isso seja parte do impulso, existem hoje muitos outros fatores:

  • Os investidores têm agora uma compreensão muito melhor da natureza do risco climático e, portanto, estão prestando cada vez mais atenção ao tipo de investimento que fazem e se as empresas em que investiram adotaram planos adequados de transição climática.
  • Há um novo senso de propósito. Entre os funcionários, especialmente os mais jovens, vemos muitos casos em que estão exercendo uma pressão considerável sobre as corporações para descarbonizar.
  • Se uma empresa faz parte da cadeia de suprimentos de outra, pode esperar alguma pressão para implementar soluções de descarbonização por parte de clientes e fornecedores.
  • Por último, a pressão dos pares também está surtindo efeito, na medida em que cada vez mais vemos empresas que não querem ficar para trás de seus concorrentes.

A realidade é que há uma mistura de forças dinâmicas em ação que estão conduzindo essa agenda mais rapidamente do que qualquer um poderia imaginar anteriormente.

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