Priorizar soluções tecnológicas que possam ser ampliadas e ganhar escala; investir na formação de talentos; adotar uma abordagem baseada em dados; e ampliar ecossistemas de alianças para superar desafios financeiros e técnicos: estas são as estratégias que devem pautar as empresas na busca por melhores resultados em um ambiente de negócios cada vez mais impulsionado pela tecnologia, aponta a mais recente edição do KPMG Global Tech Report 2024.

A pesquisa, que envolveu 2.450 profissionais de tecnologia em 26 países, traz insights valiosos a respeito de como organizações de diferentes setores equilibram inovação, cyber security e estratégias de negócios, oferecendo uma visão ampla acerca dos desafios e das oportunidades que as empresas encontram agora e que devem se manter ou mesmo se aprofundar nos próximos anos.

No cenário local, que considerou as respostas de 150 empresas de grande porte (receita superior a US$ 100 milhões), os desafios incluem a escalabilidade da inteligência artificial (IA), a resistência às mudanças tecnológicas e a necessidade de uma abordagem mais estratégica.

O estudo indica que as empresas estão se afastando de uma postura reativa para assumir uma posição de liderança. Os líderes em tecnologia se destacam por trazerem estrutura, disciplina e uma mentalidade de negócios para a adoção de novas tecnologias. Eles baseiam suas decisões de investimento em evidências concretas, alinhadas às estratégias corporativas, equilibrando a criação de valor com o apetite ao risco.

Esse comportamento tem levado a avanços mensuráveis em diversas áreas. Apesar de erros inevitáveis, os participantes do estudo destacaram como esses equívocos oferecem oportunidades de aprendizado. A visão positiva compartilhada pelos respondentes reflete o progresso nas organizações, pois a tecnologia é um motor estratégico para transformação e crescimento.

Desafios e benefícios da tecnologia

A análise da KPMG também destaca os desafios enfrentados pelas organizações ao conciliar inovação e segurança cibernética. Globalmente, 78% dos respondentes expressaram preocupação com a capacidade de suas empresas acompanharem o ritmo acelerado da evolução tecnológica. No País, o cenário é mais desafiador: 53% temem ficar para trás na corrida tecnológica, enquanto 80% afirmam que a aversão a riscos da liderança sênior dificulta o progresso.

Outro ponto crítico é a escalabilidade da IA. Apenas 33% das empresas brasileiras conseguem implementar essa tecnologia em escala de produção. Isso reflete uma lacuna significativa em comparação com mercados mais maduros. Para lidar com esse fator, é essencial que as organizações evitem tomar decisões movidas apenas pelo desejo de não serem ultrapassadas pela concorrência.

Aliás, a IA é um dos destaques do relatório, pois tem sido crucial para aumentar a produtividade dos “trabalhadores do conhecimento”, permitindo que eles se concentrem em atividades criativas e de maior valor agregado. O impacto positivo é claro: 74% dos entrevistados globais e 73% dos brasileiros relataram que a IA já está melhorando a produtividade em seus respectivos negócios.

Sistemas legados e o equilíbrio necessário

Enquanto avançam em novas tecnologias, muitas organizações enfrentam problemas com sistemas legados. No Brasil, 63% das empresas relataram interrupções frequentes causadas por falhas em sistemas fundamentais. Isso destaca a necessidade de equilibrar a adoção de novas tecnologias com a manutenção e a modernização dos sistemas existentes.

Líderes em tecnologia podem maximizar o valor dos investimentos ao optar por uma abordagem estratégica e cautelosa, garantindo que suas organizações permaneçam competitivas em um cenário de constante transformação.

Entre os destaques do recorte brasileiro, incluem-se as seguintes percepções:

  • Aversão ao risco: 59% das empresas indicaram que a alta liderança tem uma abordagem conservadora, retardando a adoção de novas tecnologias em relação aos concorrentes.
  • Feedback dos clientes: apesar de 53% coletarem feedbacks regularmente, muitas empresas não conseguem transformar esses insights em ações práticas.
  • Orçamento limitado: 61% das organizações relataram dificuldades financeiras para acompanhar o ritmo das inovações tecnológicas.

Apesar desses desafios, o otimismo é evidente. A IA e a análise preditiva são amplamente utilizadas e 77% dos participantes brasileiros planejam expandir seus ecossistemas de parcerias para obter expertise especializada.

Globalmente e no Brasil, o estudo salienta a importância de equilibrar velocidade, segurança e valor na jornada de transformação digital. Na prática, isso significa:

  • Priorizar a escalabilidade: investir em soluções que possam ser implementadas em larga escala, como a IA.
  • Focar na formação de talentos: desenvolver competências internas para lidar com novas tecnologias.
  • Adotar uma abordagem baseada em dados: garantir que as decisões de investimento sejam fundamentadas em evidências e objetivos estratégicos.
  • Estabelecer parcerias: fortalecer ecossistemas de colaboração para superar desafios de expertise e orçamento.

Com essas ações, as empresas podem maximizar o valor de seus investimentos em tecnologia, mantendo-se competitivas em um mercado global dinâmico. Ao equilibrar inovação, segurança e estratégia, as organizações podem não apenas acompanhar o ritmo das mudanças, mas liderá-las.


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