Recentemente, a KPMG elaborou a pesquisa “Direitos humanos nos negócios: impactos e desafios”, realizada com diferentes empresas – a maioria de grande porte –, com atuação no Brasil e no mundo. O objetivo da análise foi entender quais práticas as organizações têm adotado para mitigar riscos, e, sobretudo, garantir o respeito aos direitos humanos.

Para elucidar os resultados da pesquisa, compartilhar reflexões enriquecedoras e destacar os insights mais relevantes, a entrevistada da 28ª edição da KPMG ESG Insights é Tamara Oliveira, sócia-diretora de Forensic & Litigation da KPMG no Brasil. A executiva traz detalhes sobre diretrizes legais e explica o motivo de o tema ter ganhado mais atenção nos últimos anos.

Confira! 

Tamara Oliveira
Sócia-diretora de Forensic & Litigation da KPMG no Brasil

O tema dos direitos humanos tem aparecido cada vez mais na agenda das empresas e da imprensa. A razão para isso pode ser as novas regulamentações?

Sim, as novas regulamentações são uma das razões principais para que os direitos humanos estejam ganhando destaque nas agendas das organizações. Leis mais rígidas em vários países exigem que as empresas cuidem melhor das suas práticas, especialmente nas cadeias de suprimentos. Além disso, pressão dos investidores por meio da inclusão de direitos humanos nos seus critérios para atendimento de leis, por exemplo, a lei Britânica sobre escravidão moderna e a lei Alemã de devida diligência da cadeia de suprimentos, preocupações com a reputação e expectativas dos consumidores também contribuem. As empresas estão percebendo que respeitar os direitos humanos não é apenas uma questão legal, mas também um diferencial competitivo.

Quais aspectos impulsionam essa importante agenda em nosso País?

Os direitos humanos estão presentes há muito tempo em diferentes regulamentações trabalhistas brasileiras. Há, no entanto, um novo foco na cadeia de fornecedores e em aspectos específicos que se relacionam com práticas éticas de fornecimento e sustentabilidade ambiental, o que inclui também a maneira que esses fornecedores tratam seus colaboradores. No Brasil, a agenda de direitos humanos nas empresas é impulsionada por vários fatores além das regulamentações, por exemplo, movimentos sociais que aumentam a conscientização da população acerca da importância do tema, consumidores exigentes que preferem marcas responsáveis, investidores focados em práticas sustentáveis (ESG) e a busca por boa reputação e imagem positiva. Esses aspectos combinados estão levando as empresas a darem mais atenção aos direitos humanos, tanto internamente quanto em suas cadeias de suprimentos.

Em relação aos resultados da pesquisa, quais conclusões mais chamaram a sua atenção?

Um dos principais pontos é que, embora 70% das empresas tenham políticas e diretrizes sobre direitos humanos, apenas 26% estabeleceram metas relacionadas a esses compromissos. Isso sugere que muitas delas ainda precisem formalizar objetivos específicos para medir e acompanhar seu progresso nessa área. O fato de que apenas 34% das organizações têm orçamento específico para apoiar iniciativas de direitos humanos mostra uma falta de planejamento financeiro, o que pode comprometer a implementação efetiva dessas políticas.

Quais são as três recomendações que você faria para as empresas que têm esse tema como material?

Primeiro, eu recomendaria a implementação de políticas claras e treinamentos para funcionários e fornecedores, desenvolvendo políticas de direitos humanos integradas em todas as operações da empresa e oferecendo treinamentos regulares.

Segundo, é crucial monitorar e avaliar a cadeia de suprimentos, realizando auditorias regulares e avaliações de risco para garantir que fornecedores e parceiros comerciais cumpram os padrões de direitos humanos, estabelecendo mecanismos de monitoramento contínuo e remediação rápida para quaisquer violações identificadas.

Por fim, fomentar a cultura de direitos humanos internamente, promovendo programas de reconhecimento e recompensas para funcionários que exemplificam práticas exemplares de direitos humanos no local de trabalho, bem como incluir critérios de respeito aos direitos humanos nas avaliações de desempenho dos funcionários e líderes para reforçar a importância do tema na cultura organizacional.

 

Saiba mais

 

Fale com a KPMG

conecte-se conosco

Meu perfil

Conteúdo exclusivo e personalizado para você