A crise logística global tem impactado diretamente a indústria de bebidas alcoólicas, com elevados custos de frete, aumento de estoques e indisponibilidade de insumos e produtos importados. Além disso, a crise climática influencia diretamente na oferta de matéria-prima, energia e água para o setor globalmente, impactando diretamente na cadeia produtiva do Brasil.

Para retratar essas e outras questões que estão no radar das empresas do setor, especialistas de estratégia da KPMG e a Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas) produziram o estudo Os Desafios da Cadeia de Abastecimento da Indústria de Bebidas Alcoólicas.

O levantamento destaca ainda outros fatores negativos para o abastecimento da indústria de bebidas alcoólicas, como os efeitos tardios da pandemia da covid 19 e os impactos da guerra da Ucrânia: altos custos das commodities, que impactaram diretamente nas margens do setor, o aumento do preço de energia e os problemas contínuos em supply chain.

Demanda cresce, mas faltam vasilhames

Em todos os segmentos da indústria de bebidas alcoólicas analisados pelo estudo (cerveja, vinhos, cachaça e destilados), um ponto é comum: a escassez de vasilhames de vidro.

O crescimento inesperado do setor em 2020 gerou uma alta demanda pelo material. Esse aumento se deve a um elemento inesperado: o consumo elevado dos consumidores em casa durante a pandemia.

A incerteza de demanda no período de restrições sanitárias fez com que a produção de vasilhames caísse 5% em 2020, apesar do crescimento acima de 12% nas vendas de bebidas. A falta do item freou um aumento ainda mais expressivo do setor.

O aumento de capacidade produtiva anunciado pelos principais fornecedores de vasilhames deve suprir a demanda nos próximos anos. No entanto, existe um risco industrial relacionado à produção de vidros, devido ao aumento de custos pela escassez de matéria-prima e os altos custos de energia.

ESG requer mudanças na indústria

No estudo, também foram destacados os fatores ESG, que exigirão, cada vez mais, rastreabilidade e controle de origem dos insumos e redução das emissões de carbono.

Já a logística reversa, proposta pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), demandará coordenação e colaboração entre diversos stakeholders envolvidos na indústria de bebidas alcoólicas. Os acordos setoriais serão essenciais para definir e compartilhar as responsabilidades entre sociedade, empresas e setor público.

Cadeia de abastecimento com mais tecnologia e menos riscos

A cadeia de abastecimento da indústria de bebidas deverá considerar os novos modelos de consumo, o que exigirá a priorização da tecnologia para rentabilizar o negócio e minimizar os riscos e o desenvolvimento de novas estratégias.

De acordo com o estudo, o setor precisará de maior previsibilidade para focar na variedade correta - e não apenas em ofertar mais variedade ao consumidor – além de otimizar os sistemas de entrega para reduzir os custos.

Cenário de desafios para a Indústria de Bebidas Alcóolicas

O levantamento elencou ainda os principais desafios enfrentados pela indústria de bebidas alcoólicas no cenário atual da cadeia de abastecimento:

  • Muitas empresas pretendem expandir sua produção, mas há preocupações relacionadas ao aumento dos custos agrícolas  e ao prazo de entregas de equipamentos, principalmente para as linhas produtivas de envase.
  • Aumento da complexidade logística internacional e dos processos aduaneiros e crescimento dos custos logísticos e de estoque.
  • Priorização no planejamento de longo prazo na cadeia de suprimentos, considerando o cenário econômico instável e o gerenciamento de riscos.
  • Uma das melhores práticas de economia circular de vasilhames é a reciclagem, principalmente para as garrafas de bebidas importadas e para as que não podem ser reutilizadas. Esse é ainda um desafio para o setor, ações integradas das associações setoriais  e industria são recomendadas.

A indústria de bebidas tem passado por desafios cada vez mais estratégicos nos últimos anos em virtude de um ambiente econômico, político e social cada vez mais instável, incerto, complexo e ambíguo globalmente. Estes desafios ficaram mais evidentes durante a pandemia da covid-19 e atualmente foram potencializados pelos conflitos globais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia.

O entendimento conjunto de prioridades para a indústria nos próximos anos, além do alinhamento estratégico para a agenda de ESG, serão fatores críticos de sucesso para o crescimento sustentável das principais marcas presentes hoje nos mercados brasileiro e internacional.

Este estudo pioneiro também abordou os desafios de abastecimento na cadeia de suprimentos de bebidas com o direcionamento de ações conjuntas necessárias em temas cruciais para o desenvolvimento da indústria, que está claramente cada vez mais centrada no consumidor final e na nova realidade de negócios.

Os Desafios da Cadeia de Abastecimento da Indústria de Bebidas Alcoólicas

Acesse o estudo e leia o conteúdo na íntegra.


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