- Estudo da KPMG recolheu a opinião de aproximadamente 2.700 empresas familiares, de 80 geografias, e contou com uma participação recorde em Portugal: cerca de 100 empresas nacionais;
- É feita uma análise ao potencial do legado, a sua complexidade e como tirar o melhor partido do mesmo;
- 53% das empresas familiares com forte legado revelam elevados níveis de sustentabilidade;
- Há cinco tipos de legados: biológico, material, social, identidade e empreendedor;
- Metade das empresas nacionais afirmam que têm múltiplas gerações a gerir o seu negócio.
O estudo “Potenciar o Legado – o caminho de crescimento para as empresas familiares” da KPMG revela a forma como as empresas familiares de sucesso trabalham o legado que une as várias gerações. Uma das principais conclusões indica que muitas destas empresas estão a viver o “paradoxo do legado” – o compromisso entre o legado como fonte de identidade, tradição e de inspiração e, em paralelo, uma responsabilidade que, se estivesse demasiada enraizada na tradição, poderia atrasar a inovação e a transformação.
Este estudo reúne opiniões e experiências de líderes de empresas familiares de topo, combinadas com dados sobre o impacto dos legados familiares, recolhidas junto de aproximadamente 2.700 empresas familiares, de 80 países e geografias, incluindo, aproximadamente, 100 empresas nacionais.
45% das empresas familiares a nível global, que referiram ter fortes legados nas suas empresas, também revelam ter um forte desempenho empresarial e 53% apresentam elevados níveis em termos de sustentabilidade – uma combinação importante para o sucesso da empresa e da família, à data de hoje e para as gerações vindouras.
O relatório reforça a importância do empreendedorismo transgeracional como fator-chave de um desempenho sustentado das empresas familiares, sendo o legado, por si só, insuficiente para garantir o progresso no longo prazo. Deste estudo concluímos que os legados são muitas vezes amplificados pelo empreendedorismo transgeracional que obrigam os antecessores a comunicar abertamente e a reforçar os seus legados empresariais, colmatando o que por vezes pode parecer uma divisão geracional.
Luís Magalhães, Head of Tax da KPMG Portugal explica que “os valores que integram o conceito de “legado” conectam as gerações, asseguram a continuidade do percurso de sucesso empresarial e moldam a visão a longo prazo da empresa familiar, orientando algumas das suas opções. No contexto atual o tema representa um desafio para os líderes das empresas familiares que consideram necessário tratar o paradoxo no sentido de adotar valores históricos e tradicionais com estratégias atuais para reforçar o processo empresarial de sucesso, construindo um legado dinâmico, sustentável e com valor tendo em mente as gerações futuras. Pela experiência que temos, trabalhando diariamente com os nossos Clientes, estamos certos de que o legado da empresa familiar contribui para o empreendedorismo transgeracional, o desempenho financeiro e para práticas de sustentabilidade.”
Analisando a verdadeira essência do legado no mundo atual, o estudo oferece uma perspetiva “centrada no futuro” onde a tradição e a inovação coexistem e onde a mudança deve ser abraçada para que a empresa se mantenha resistente, competitiva e relevante. Além disso, explica também que o legado deve ter presente o passado mas concentrar-se como um elemento crucial para o futuro, devido à contribuição positiva que dá para o desempenho da empresa e para a sustentabilidade ambiental, social, dos trabalhadores e dos fornecedores.
Sendo o legado uma combinação única de ativos tangíveis e intangíveis, é igualmente reconhecido pelo seu papel na manutenção do poder regenerativo da família e do empreendedorismo transgeracional. Existem cinco tipos de legado, com diferente impacto nas empresas e nas famílias: o legado biológico ou geracional (nome da família e linhagem), o material (património financeiro, heranças, etc), o social (relações com a comunidade), o de identidade (história e rituais da empresa) e o empreendedor (resiliência para novos desafios, etc).
As diferentes perspetivas e prioridades podem moldar a forma como as várias gerações percecionam a importância do seu legado e as estratégias que adotam para o construir e sustentar. Estas diferenças geracionais podem também enriquecer o legado da empresa familiar ao incorporar diferentes ângulos e abordagens que refletem a dinâmica evolutiva da empresa e da sociedade em geral.
Do total das quase cem empresas portuguesas que responderam ao estudo, 61% são de grande dimensão, com mais de 250 colaboradores, 28% são de dimensão média, com entre 50-250 trabalhadores, e 11% são de pequena dimensão, até 50 profissionais. Além disso, 73% são empresas de serviços, 22% são do setor agrícola, 3% são industriais e 2% são da área da construção. Em média, as empresas familiares portuguesas têm 67 anos de idade, comparativamente à média de idade de 42 anos de vida das empresas a nível global.
Das respondentes, 6% têm atualmente um CEO de 1ª geração, 31% de 2ª geração, outros 31% com um CEO na 3ª geração, e 20% das empresas já tem um CEO de 4ª geração, sendo que metade dos respondentes nacionais afirmam que têm múltiplas gerações a gerir o negócio.
Relativamente aos detentores do negócio, Portugal está equiparado com as respostas internacionais, 88% dos negócios familiares tem as ações da empresa detidas pela família, tal como nas empresas familiares a nível global. Dentro do seio familiar, em média 5,57 elementos da família detêm ações do negócio familiar.
Em termos de governance, 78% das empresas familiares portuguesas têm uma comissão de diretores para a gestão do negócio, com uma média de 3,5 pessoas nesta gestão, sendo que a nível global esta percentagem desce para 61% e a média sobe para 5,3 pessoas nesta comissão.
Sobre a KPMG:
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