A 25ª edição da pesquisa Global Automotive Executive Survey (GAES), produzida pela KPMG, revela que o setor automotivo vive um ponto de inflexão. Por exemplo, 36% dos executivos esperam transformação total em modelo de negócios, produtos ou operações até 2028.
Além disso, 68% afirmam que estão reestruturando suas cadeias de suprimentos, priorizando modelos regionais. No recorte brasileiro da pesquisa, a reestruturação das cadeias de suprimentos foi indicada por 73%.
O investimento em tecnologia também está em alta na indústria, com 86% dos respondentes globais investindo fortemente em inteligência artificial (IA) e tecnologias emergentes.
A pesquisa aponta cinco estratégias prioritárias – os cinco Ts – como norte para que os players do setor automotivo evoluam da disrupção à dominância.
Quais devem ser as estratégias do setor automotivo?
A KPMG propõe os cinco Ts como um framework de reinvenção:
- Spearhead Transformation: redefinir escala, velocidade e valor.
- Master Technology: controlar a estratégia digital.
- Earn Trust: criar conexão em tempo real com o cliente.
- Navigate Tensions: desenvolver resiliência regional.
- Thrive Together: construir ecossistemas estratégicos.
Esses pilares são interdependentes e urgentes, especialmente frente a um cenário de pressão regulatória, eletrificação, fragmentação geopolítica e digitalização acelerada.
17% dos executivos brasileiros preveem transformação total até 2028. No estudo global, essa parcela é de 36%.
73% dos executivos brasileiros afirmam estar reestruturando suas cadeias de suprimentos, com foco em produção local para consumo local. No mundo, o índice é de 68%.
O Brasil está investindo em tecnologia?
A resposta é sim: 87% dos executivos brasileiros afirmam estar investindo fortemente em inteligência artificial e tecnologias emergentes, posicionando o país de forma competitiva no cenário global.
Esse percentual está alinhado à média mundial, de 86%, e reforça a percepção de que as empresas brasileiras reconhecem o papel da tecnologia como motor de eficiência, inovação e geração de valor.
87% das empresas no Brasil estão apostando em IA, percentual semelhante ao global (86%).
Como as alianças são estratégicas para o futuro?
No estudo global, alianças e alianças estratégicas são a aposta de 77% para se manterem em crescimento. No recorte brasileiro, esse percentual é ainda maior: 90%.
Essas empresas estão cientes de que a construção de ecossistemas colaborativos não é apenas uma tendência, mas uma estratégia concreta para acessar inovação, ganhar escala e acelerar a transformação.
As OEMs vão perder ou retomar a liderança?
Aqui, o paradoxo está presente. No estudo global, 68% acham que novos entrantes no mercado – como startups de tecnologia e empresas de mobilidade – substituirão fabricantes tradicionais até 2030.
Ao mesmo tempo, 69% acreditam que os fabricantes originais de equipamentos (Original Equipment Manufacturers - OEMs) podem recuperar sua dominância ao reconfigurar suas estratégias.
Entre os respondentes brasileiros, essas convicções são compartilhadas por, respectivamente, 73% e 70%.
73% dos brasileiros preveem a substituição das OEMs por novos players.
70% dos brasileiros (69% dos respondentes globais) acreditam na retomada das OEMs.
Quem respondeu pela indústria brasileira?
O recorte Brasil da pesquisa inclui 30 executivos, o equivalente a 4% da amostra global. Entre eles:
- 23% são OEMs.
- 50% são fornecedores e distribuidores.
- 27% são fabricantes de caminhões, novas tecnologias, fornecedores e mobilidade.
Quanto aos cargos:
- 13% são CEOs e presidents.
- 7% são c-levels (CIO, CTO etc.)
- 80% são executivos seniores.
Em resumo, a nova edição da Global Automotive Executive Survey (GAES) revela um setor automotivo em plena transformação, com desafios crescentes e oportunidades estratégicas para empresas que desejam liderar a próxima década da mobilidade.
Nesse cenário, os cinco Ts formam um verdadeiro plano de liderança para o futuro da mobilidade.
Ao liderar a transformação, dominar a tecnologia, conquistar a confiança do cliente, navegar pelas tensões regionais e prosperar em ecossistemas colaborativos, as empresas do setor automotivo podem não apenas reagir às mudanças, mas assumir o protagonismo em um novo ciclo de crescimento.