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Os investimentos globais em private equity (PE) recuaram no segundo trimestre de 2025, refletindo um ambiente de incerteza geopolítica, tarifas comerciais instáveis e riscos nas cadeias de suprimento.

Embora algumas megatransações tenham ocorrido nos Estados Unidos, o mercado como um todo mostrou uma postura mais cautelosa.

Os dados fazem parte da publicação Pulse of Private Equity – Q2 2025, da KPMG, que apontou um volume global de US$ 363,7 bilhões em investimentos no trimestre, distribuídos em 3.769 deals — uma queda significativa em relação aos US$ 505,3 bilhões e 4.527 deals registrados no trimestre anterior

Por que os investimentos em private equity caíram?

  • Geopolítica e tarifas aumentam a aversão ao risco: a intensificação das tensões comerciais, especialmente entre Estados Unidos e China, elevou o risco percebido.
  • Cautela dos investidores: foi adotada uma estratégia de “esperar para ver” antes de firmar novos compromissos.
  • Regionalização: houve um fortalecimento da regionalização, substituindo a lógica globalizada tradicional do private equity.

Setores com cadeias de valor mais regionais — como saúde, infraestrutura e energia — foram menos impactados.

Foram investidos US$ 201,9 bilhões em 1.608 deals nos EUA (no primeiro trimestre, os investimentos chegaram a US$ 264,5 bi).

O que está acontecendo nas Américas?

Mesmo diante de um cenário de incertezas, os Estados Unidos continuaram concentrando a maior parte da atividade global de private equity no segundo trimestre de 2025.

Foram US$ 201,9 bilhões investidos em 1.608 transações, o que representa uma queda significativa em relação aos US$ 264,5 bilhões e 2.039 deals registrados no primeiro trimestre.

Ainda assim, o país respondeu por sete dos dez maiores deals globais do período, reafirmando sua liderança no setor.

Além dessas transações bilionárias, setores como energia e infraestrutura mantiveram alta atratividade nos EUA, impulsionados pelo aumento da demanda ligada à inteligência artificial e à necessidade de modernização da base energética.

Mesmo com a incerteza causada pelas chamadas Liberation Day tariffs, investidores mantiveram forte atividade de prospecção (book activity), ainda que muitos tenham adiado a assinatura de novos contratos.

E os investimentos na América Latina?

Na América Latina, o cenário foi ainda mais desafiador. O volume de investimentos caiu drasticamente em razão da estratégia tarifária adotada pelos Estados Unidos, que levou à suspensão de diversas negociações em curso ao longo do segundo trimestre.

As incertezas comerciais criaram um ambiente de paralisia momentânea, em que investidores preferiram aguardar clareza sobre possíveis acordos regionais ou bilaterais antes de retomar as discussões.

O México foi particularmente afetado, com queda expressiva nas propostas de investimentos e na atividade corporativa como um todo.

Apesar do impacto imediato, há otimismo moderado em relação ao médio e longo prazo.

Analistas apontam que o México pode sair fortalecido das mudanças geopolíticas, especialmente se empresas norte-americanas optarem por redirecionar cadeias produtivas para mais perto de casa, em uma estratégia de nearshoring que pode favorecer o país.

Exits em alta: janela de oportunidades?

Apesar do recuo nos investimentos, o mercado de saídas mostra sinais de vigor:

  • US$ 501,9 bilhões em exits no semestre — a caminho do melhor desempenho desde 2021.
  • As ofertas públicas iniciais (IPOs) atingiram US$ 132,4 bilhões.
  • Fusões e aquisições (M&As): US$ 227 bilhões.

O que atraiu os investidores mesmo com o cenário adverso?

  • Energia: US$ 110,8 bilhões — pode superar o recorde de 2021.
  • Infraestrutura: US$ 74,4 bilhões — impulsionada por projetos ligados à IA.
  • Healthtech e life sciences se destacam com soluções regionais e foco na modernização dos sistemas de saúde.

O que esperar do private equity no terceiro trimestre?

Os dados indicam que o segundo trimestre de 2025 trouxe uma pausa na trajetória de recuperação do private equity global.

Diante das incertezas, os investidores redirecionaram seus esforços para ativos de maior qualidade, com forte atuação regional e menor exposição ao comércio internacional.

As perspectivas para os próximos meses são as seguintes:

  • Foco continuará em ativos resilientes e com exposição regional controlada.
  • A retomada das saídas via IPO pode trazer liquidez ao mercado.
  • Setores como infraestrutura, IA e energia devem seguir em destaque.
  • Investidores acompanharão de perto as mudanças tarifárias promovidas pelos Estados Unidos e os sinais de resiliência de empresas e setores.

É importante ressaltar que, apesar da retração no volume de deals, o mercado está longe de uma estagnação.

Os dados indicam que o private equity está reposicionando suas estratégias para aproveitar as oportunidades de investimentos que surgirem, com os setores de IA, energia e saúde liderando as preferências.


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