Todos nós estamos inseridos em diversas redes de conexão, entre pessoas e empresas, com informações distribuídas em diversos bancos de dados; se pararmos para refletir sobre esse cenário, é razoável que surjam preocupações e receios com relação à nossa privacidade. Um certo incômodo, que aumenta quando somos questionados: “você conhece todos que o conhecem?”.

As mais diversas organizações buscam, de forma incansável, fornecer a melhor experiência possível aos seus clientes, buscando o equilíbrio ideal entre personalização e assertividade, para que a fidelização aconteça de forma natural ou preditiva; desse modo, confiamos a determinados algoritmos a indicação da melhor decisão a ser tomada.

À medida que a geração de dados e o poder de análise aumentam, fica evidente, para as empresas, com quem elas devem se relacionar e como influenciar essa relação. Assim, temas como Privacidade, Segurança da Informação e Ética têm ganhado relevância significativa no contexto de negócios, devido à sua sensibilidade e aos impactos negativos que podem causar por meio de exposições ou usos inadequados.

Nesse cenário, nós, da KPMG, juntamente com a APPC, realizamos a pesquisa “Qual o futuro da privacidade de dados no Brasil?”. Nela, exploramos alguns pontos interessantes sobre o comportamento dos brasileiros na internet: como se sentem? Eles conhecem sobre a própria privacidade? Foram realizadas mais de 1.000 entrevistas, com pessoas de diversas localidades do Brasil, faixas etárias, classes e gêneros.

Após entendermos a visão e o sentimento dos entrevistados, dois pontos ficaram evidentes: o primeiro deles é que a maioria concorda que o rastreamento na internet é uma invasão de privacidade; o segundo é que algumas pessoas podem renunciar à privacidade em troca de benefícios, principalmente entre os mais jovens.

Nosso comportamento está sendo monitorado

O levantamento mostrou um nível de conexão altíssimo, com 94% dos respondentes utilizando a internet todos os dias e outros 6% fazendo uso frequente, isto é, quase todos os dias.

Na nossa busca por entender melhor o motivo que levam nossos entrevistados a utilizar a internet, encontramos um cenário unânime, em todas as faixas etárias e gêneros: o acesso às redes sociais figura como primeiro fator de motivação para todos se conectarem nessa grande rede. Para completar o ranking top 4, outros fatores que se destacaram como influenciadores, em ordem de preferência, foram: fazer compras; usar internet banking; e assistir filmes/séries.

Um fato relevante é que os temas relacionados a trabalho e estudo apareceram como motivação de conexão em 47% e 46%, respectivamente, um pouco abaixo dos 51% relacionados a “refeições” e dos 50% referentes a jogos. Algo interessante e que certamente está sendo monitorado pelas empresas, para adequação da forma como seus serviços são ofertados ou para identificar oportunidades de negócios.

Conforme o índice de conectividade aumenta, crescem também as preocupações e ações para garantir privacidade, segurança e ética.

Fronteiras da nossa privacidade

Você certamente já foi surpreendido com um anúncio, no seu feed de notícias, de um produto ou serviço relacionado a algum assunto que você pesquisou recentemente, ou a respeito do qual apenas comentou com alguém. Isso nos gera aquela típica sensação de estarmos sendo observados ou ouvidos, certo?

Se sua resposta foi “sim”, esse é outro aspecto que a pesquisa confirmou. A sensação de que os anúncios e as propagandas se relacionam com as pesquisas mais recentes, ou até mesmo com as nossas conversas, é alta: 94% dos entrevistados sentem que as propagandas têm algum nível de relação com seus hábitos de pesquisas e 79% sentem que tais propagandas se relacionam com as conversas que eles mantiveram perto de seus dispositivos.

Tudo isso  nos faz refletir e gera um certo desconforto sobre as fronteiras da nossa privacidade, principalmente em relação a dados e informações que não gostaríamos de compartilhar. Entretanto, mesmo ao sentir essa intrusão em sua privacidade, os entrevistados continuaram utilizando normalmente (30%) suas redes e seus dispositivos; 37% passaram, porém, a prestar mais atenção ao que falam. A percepção de estarem sendo monitorados não parece ter criado um sentimento de indignação para a maioria dos pesquisados.

Apesar dos altos índices de aceitação a essa intrusão à privacidade, em uma escala de preocupação de 1 a 5 – sendo 1 o equivalente a “não me preocupo em nada”, e 5, a “me preocupo muito” –, 88% (notas 4 e 5) dos entrevistados afirmaram estar preocupados com os possíveis vazamento de dados ou a utilização indevida.

Tendências e Expectativas

É certo que uma parte significativa das empresas está ciente do valor fornecido aos negócios por meio do tratamento dos dados, que se tornaram o epicentro gravitacional das estratégias e tomadas de decisão.

A construção de confiança passa a ser um grande diferencial: é fundamental que essa relação de troca entre dados e experiências passe por ajustes, pois trata-se de algo mais premente para todos os stakeholders e 76% dos respondentes afirmaram que não voltariam a fazer negócios com uma empresa que tivesse vazamento de dados.

O trade-off entre comodidade e privacidade vem aumentando, principalmente se considerarmos que decisões pessoais estão cada vez mais influenciadas por algoritmos; nesse cenário, 47% concordam com o monitoramento, pois conseguem obter dicas de produtos e serviços de seu interesse, principalmente benefícios que viabilizam ganhos materiais, como descontos e promoções, alem de benefícios relacionados a saúde, bem-estar e economia de tempo no trânsito.

Ainda existe muito espaço para melhorar essa relação de confiança, pois os pesquisados se dividem com relação a esses aspectos, nas mais diferentes empresas/setores. Não existe uma maioria confortável. O setor bancário mostrou-se como aquele que tem maior índice de confiança (39%). Adicionalmente, as empresas com maior concentração de desconfiança por parte dos entrevistados são: Telefonia (48%), Comércio (43%) e organizações não-governamentais (42%). Oportunidades existentes para todos aumentarem essa relação de confiança, fortalecendo seus processos e ofertas para geração de valor consistentes.

A KPMG acredita que a confiança deve estar no centro de cada iniciativa de negócio que envolva dados pessoais, para transformar riscos potenciais em oportunidades excepcionais de diferenciação e crescimento de negócios nessa era digital – e investe muito para fomentar a inclusão desses parâmetros. O grande desafio é garantir e demonstrar todo o cuidado com os dados pessoais, mantendo o olhar voltado para o ganho de competitividade, para a criação de valor e para a geração de resultados.

Qual o futuro da privacidade de dados no Brasil?

Pesquisa KPMG / APPC


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