A busca pelo net zero[1] tem impulsionado a demanda por minérios essenciais à viabilização de tecnologias limpas. Esse cenário pode gerar oportunidades de negócios para o Brasil, que possui algumas das maiores reservas mundiais de diversos minérios.
Contudo, para que o País possa ganhar destaque na pauta energética e na posição de participante fundamental o mercado de mineração, será necessário enfrentar suas limitações tecnológicas e regulatórias.
Além disso, será preciso aumentar a sinergia entre governos, iniciativa privada e instituições acadêmicas e de pesquisa para viabilizar o aperfeiçoamento da exploração e da comercialização desses minérios.
O cenário na América do Sul é bastante similar ao brasileiro. A região é uma das líderes na produção de diversos minérios - o Chile é o maior produtor de cobre mundial e concentra, junto com Argentina e Bolívia, cerca de 65% das reservas mundiais de lítio.
A fim de analisar como o Brasil e a América do Sul poderão se beneficiar dessas oportunidades, a KPMG desenvolveu a publicação O papel dos minerais no processo de transição energética. O estudo, que resultou em dois levantamentos separados, apresenta dados do País e do subcontinente a respeito do tema.
[1] O termo net zero se refere à meta de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEEs).
Minérios são condição fundamental para a transição energética
De acordo com o estudo Minerals for Climate Action: The Mineral Intensity of the Clean Energy Transition, produzido pelo Banco Mundial, mais de três bilhões de toneladas de minérios e metais serão necessários para viabilizar a implementação e o armazenamento de energia eólica, solar e geotérmica.
O ferro e o cobre, minerais comuns e de produção em grande volume, desempenham hoje e continuarão desempenhando no futuro um papel importante no processo. Outros, como o telúrio e o neomídio, devem aumentar sua produção, já que são empregados, respectivamente, na fabricação de painéis solares e de imãs permanentes, usados em energia eólica e nos carros elétricos.
Raros, potentes e necessários para o futuro verde
Os metais de terras raras (Elementos Terras Raras [ETRs]) recebem esse nome por serem de difícil extração, maleáveis, flexíveis, dotados de magnetismo intenso e capacidade de absorção e emissão de luz. Suas características os tornam essenciais para a produção de ímãs permanentes, que são vitais para as turbinas eólicas e os motores de veículos elétricos.
Hoje, a China é a maior exportadora do mundo desses elementos. No entanto, o país asiático começou a adotar normas mais rígidas para a mineração e a exportação desses minérios, abrindo espaço para outras regiões produtoras.
Para o carbono zero, minérios multiplicados por seis
Durante a 27ª edição da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP27), foi destacada necessidade dos investimentos para prevenção e redução dos impactos das mudanças climáticas. Esse contexto impacta diretamente a readequação das matrizes energéticas em todos os países.
Para reduzir suas emissões líquidas de carbono para alcançar o net zero, ou net zero carbon (emissões líquidas de carbono zero, em tradução livre), todos os países assumiram metas para que a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) esteja proporcionalmente equilibrada com sua remoção da atmosfera.
Dessa forma, ocorre a conexão entre esse cenário e a demanda crescente por minérios. A busca pelo net zero deve impulsionar a demanda por minerais essenciais à viabilização de tecnologias limpas.
O tamanho do desafio é grande. A aceleração do ritmo de transição para as novas matrizes energéticas e para o alcance da meta net zero em 2050 demandará que a produção de minérios seja multiplicada por seis até 2040.
Um elemento essencial para o Brasil nessa jornada será a cooperação mais estreita entre governos, iniciativa privada e instituições de pesquisa para que as soluções adequadas possam ser encontradas. Na América do Sul, tornar a extração mineral sustentável também pressupõe desenvolver tecnologias mais eficientes e colaboração regional.
Para que tanto o País quanto o subcontinente sul-americano possam se beneficar das oportunidades relacionadas ao crescimento da demanda por minérios, serão necessárias algumas medidas, como a desburocratização de processos de licenciamento ambiental – sem descuidar da evidente necessidade da inclusão dos aspectos ESG nesse processo.
Conteúdo relacionado
Entre em contato conosco
conecte-se conosco
- Encontrar escritórios kpmg.findOfficeLocations
- kpmg.emailUs
- Midias Sociais KPMG kpmg.socialMedia
Meu perfil
Conteúdo exclusivo e personalizado para você