Na batalha contra o aquecimento global, os oceanos despontam como agentes fundamentais, considerando as perspectivas futuras e os complexos desafios. Mesmo as previsões mais otimistas reconhecem que, apesar dos esforços, é provável que a meta do Acordo de Paris (de manter o aumento da temperatura global no máximo em 1,5 0C até 2050) não seja atingida.

Por isso, além da redução das emissões, será necessário desenvolver soluções que promovam a biodiversidade e a remoção e captura de carbono. Para tal, já há um reconhecimento crescente do papel das soluções climáticas naturais (natural climate solutions - NCSs) no enfrentamento dessas questões.

Na publicação Blue Ecosystems are our Natural Allies, produzida pela KPMG, são destacadas algumas dessas abordagens, principalmente aquelas em que os oceanos são os grandes protagonistas.

O ouro azul essencial para o futuro

O estudo The (Blue) Wealth of Nations, também da KPMG, menciona que os projetos de remoção de carbono poderiam capturar uma grande parcela da demanda crescente por compensações.

Nesses projetos, os oceanos são aliados fundamentais, uma vez que os ecossistemas de carbono azul (blue carbon ecosystems - BCEs), que incluem ainda manguezais, mangues, pântanos salgados e ervas marinhas, têm uma enorme capacidade de armazenar carbono nas plantas, na biomassa animal produzida e nos sedimentos por longos períodos.

Algumas estimativas sugerem que os investimentos em BCEs poderão capturar e reduzir emissões de quase 4 GtC (gigatoneladas de CO2) por ano em 2030 e de mais de 11 GtC por ano em 2050.

Os BCEs sequestram carbono e melhoram a saúde e a biodiversidade dos oceanos, pois são habitats costeiros e muito produtivos que fornecem alimentos e proteção contra a erosão e o aumento do nível do mar. 

Oportunidades imensas, desafios oceânicos

Para se ter uma ideia do enorme potencial da remoção de carbono pelos oceanos, pesquisas mostraram que as águas marítimas têm cerca de 39 mil Gt de carbono, ou o equivalente a 50 vezes a quantidade existente na atmosfera. Estima-se ainda que os oceanos tenham capturado 38% das emissões de carbono causadas por seres humanos nos últimos dois séculos.

No entanto, em função do custo e viabilidade, não há uma solução única de BCEs que remova carbono suficiente para atender às metas necessárias. As soluções devem considerar a relação custo-benefício, a escalabilidade, a aceitação regulatória e os benefícios para os fatores ESG.

Adoção dos BCEs nos planos climáticos: uma estratégia possível

Embora existam barreiras que impedem a adoção dos BCEs em larga escala, há três iniciativas com as quais empresas e governos podem atuar e que podem estimular o interesse global por esse tipo de abordagem:

  • Inclusão dos BCEs como parte da estratégia climática das organizações.
  • Integração dos BCEs aos mercados de compensação verificados, permitindo que investidores obtenham um retorno financeiro confiável com os benefícios do ecossistema.
  • Integração dos BCEs aos compromissos das contribuições nacionais determinadas (nationally determined contributions – NDCs) dos países.

Incentivo aos BCEs é parte fundamental da jornada

Os BCEs são uma parte essencial do esforço global para combater as mudanças climáticas, proteger a biodiversidade e melhorar os meios de subsistência, por meio da captura de carbono e manutenção dos sistemas oceânicos e de água doce saudáveis e produtivos.

Para contribuir com esses esforços, as empresas podem incluir projetos de BCEs como parte do seu programa de compensação de carbono, atendendo às metas de descarbonização, protegendo os oceanos e a biodiversidade e reduzindo as emissões de carbono.

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