A adoção de metas de zero emissão líquida de gases de efeito estufa e de providências legais para a sua efetivação é um processo ainda em construção. O atraso na implementação de planos para essa redução nos países responsáveis pela maioria das emissões globais é uma das constatações da pesquisa Net Zero Readiness Index 2021, conduzida pela KPMG.
O estudo, realizado em 32 países e territórios, incluindo o Brasil, teve o intuito de analisar o progresso de cada um deles na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEEs), que são reconhecidos pela ciência como fatores preponderantes na indução das mudanças climáticas.
O recorte brasileiro da pesquisa global (Net Zero Readiness Index 2021: Brasil) destaca observações e insights essenciais para entender e superar os desafios enfrentados pelo país na transição para a meta mundial de zero emissão líquida de GEE.
Fontes renováveis de energia contribuem para alcançar a meta brasileira
Para enfrentar as mudanças climáticas, o Brasil pretende zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050[1].
Como o país utiliza extensivamente a energia hidrelétrica para gerar eletricidade e desenvolve outras fontes renováveis de energia, (solar, eólica, biocombustíveis e etanol) e ainda está iniciando projetos significativos para produção de hidrogênio verde, entre outras iniciativas inovadoras relevantes, o país dispõe de projetos importantes para cumprir o seu objetivo.
No entanto, o combate ao desmatamento e incêndios florestais ainda é uma fragilidade brasileira. Todos os investimentos e reduções nas emissões podem ser insuficientes, caso o país não consiga controlá-los.
Além disso, outras formas de mal uso do solo geram emissões que podem ser evitadas. O Brasil é hoje o único país entre as dez maiores economias do mundo que tem cerca de 50% de suas emissões relacionadas a esses fatores.
Como grande agroexportador e por seu histórico, o país tem organizações do setor comprometidas com boas práticas socioambientais. Porém, dados mostram que ainda é necessário implementar melhores e mais ágeis mecanismos de monitoramento, gestão e controle para combater o desmatamento e outras causas das emissões de gases de efeitos estufa.
[1] 1º/11/2021 o Brasil anunciou na COP26 (26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) novas metas para redução dos gases de efeito estufa, comprometendo-se com uma redução de emissões líquidas de 50% até 2030 e neutralidade de carbono até 2050.
Iniciativas governamentais devem contribuir para a redução das emissões no país
Uma das decisões mais importantes da COP 26 – Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas (ONU) – foi a criação das regras para um mercado internacional de créditos de carbono.
O mercado entre os países será supervisionado pela ONU. Para participar deste mercado global, que pode gerar capital relevante para o país e incentivar a redução de emissões, será preciso coordenar as iniciativas de redução dentro do Brasil, estruturando o mercado interno de créditos de carbono.
O governo é um dos principais atores nessa jornada, na qual devem ser definidas as estratégias, marcos de redução intermediária e mecanismos, como impostos sobre as emissões e comércio de créditos de carbono.
Fortalecer os processos de controle e monitoramento, incentivar o diálogo do poder público com a sociedade civil e as empresas, além de incentivar os cidadãos a entender como contribuir para esse desafio, são iniciativas que contribuirão para que o Brasil tenha uma caminhada mais ágil rumo à meta de zerar a emissão dos gases de efeito estufa.
Dessa forma, será possível promover qualidade de vida e desenvolvimento, e, ao mesmo tempo, a vantagem competitiva brasileira.
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