Nos dias de hoje, muitas são as práticas sobre economia verde, mas começam também a emergir as da economia azul. Cada uma delas relaciona-se com iniciativas baseadas na natureza e na água, respetivamente, tendo como objetivo tornar as organizações mais sustentáveis nestas áreas. Contudo, ser sustentável pode ser visto como um risco ou uma oportunidade.

Será a economia colorida um risco ou oportunidade?

Quando as organizações pensam se devem desenvolver uma estratégia de sustentabilidade, se é necessário ou se faz sentido, na verdade, deveriam estar a refletir sobre como é que a vão desenvolver e não se têm de o fazer. Esta estratégia já não é opção, é um facto, uma mudança de paradigma. Ou as empresas se adaptam, ou poderão colocar em causa a sua sustentabilidade económica.

O modelo de desenvolvimento da estratégia de sustentabilidade, quando colocado no centro do modelo de negócios, é sem dúvida uma oportunidade. Passar a ver a sustentabilidade como parte integrante do negócio pode levar a que as empresas desenvolvam soluções verdes, azuis, castanhas, entre outras, que lhes permita resolver algum problema de impacto negativo no ambiente ou nas comunidades, mas também, que essa solução possa ser vendida e até dar origem a um novo negócio.

O desafio de as organizações se tornarem sustentavelmente competitivas prende-se com a forma como se preparam para fazer essa transição, que pode ser climática, de consumo de recursos, de bem estar, ou de qualquer outro parâmetro que vá atuar sobre os seus impactos negativos materiais e transformá-los em oportunidades. Contudo, muitas vezes esta mudança de paradigma necessita de um aumento de competências, uma aposta em inovação e de um aumento da capacidade de suportar o risco, o que é sem dúvida um desafio.

Mas o desafio não é só sobre questões externas, não são apenas os clientes ou a cadeia de valor a solicitar melhores práticas de ESG, mas também os colaboradores. Cada vez mais as novas gerações se preocupam em trabalhar em organizações responsáveis, com baixo impacto e, ainda, com práticas inovadoras, o que provoca urgência nesta transição em tornar o modelo de negócio da organização colorido.

Posto isto, é fundamental que as organizações analisem quais os seus temas materiais em termos de impactos negativos e riscos, de forma a mapear quais as metas nacionais e internacionais para esses tópicos, analisar a tecnologia disponível para apoiar a transição dos diferentes temas e definir prioridades de forma a investir esforços graduais, considerando os desafios existentes, como por exemplo a ausência de soluções tecnológicas em alguns setores relacionados com energia ou combustíveis, e ainda as competências das pessoas das organizações e das diferentes geografias que acarretam grandes desafios ao longo da cadeia de valor.

Com esta análise, priorização e investigação é possível que as organizações se tornem competitivas e que o seu modelo de negócio fique colorido, garantindo que esta transição é uma mudança de paradigma.

 

*Artigo de Daniela Amorim, ESG Manager da KPMG Portugal, para a revista CIP, em dezembro de 2024.