Nos últimos anos, o setor dos seguros, à semelhança de muitos outros setores de atividade, tem assistido a uma mudança de atitude em relação à diversidade, à equidade e à inclusão (DEI) e a um consenso quanto à necessidade de abordar estas questões. Surgiram também importantes movimentos impulsionados pela sociedade civil, como o Black Lives Matter (BLM) e o #MeToo, que colocaram a DEI na ordem do dia. Além disso, iniciativas criadas no Reino Unido, como a rede Insurance Women's Inclusivity, a Insurance Cultural Awareness Network e a iniciativa Diversity, Equity and Inclusion Blueprint da Associação das Seguradoras Britânicas (ABI), estão a ter um impacto concreto no setor neste domínio.
No entanto, em comparação com outros setores, os seguros e os serviços financeiros em geral não são líderes em matéria de DEI.
O que falta fazer para tornar o setor dos seguros um local de trabalho justo e inclusivo?
Em colaboração com a Associação das Seguradores Britânicas, procurámos analisar mais de perto a situação em matéria de diversidade, equidade e inclusão no setor dos seguros e, mais importante, identificar o que é necessário fazer para ajudar as empresas a reforçar a diversidade, a equidade e a inclusão no local de trabalho.
Qual é a situação atual da DEI nos seguros?
Apresentamos, a seguir, as estatísticas do relatório em todas as áreas prioritárias, nomeadamente: estratégia em matéria de DEI, género, etnia, LGBTQ+, mobilidade social, neurodiversidade e deficiência.
Estratégia em matéria de DEI
A percentagem de organizações do setor dos seguros que implementaram uma estratégia de diversidade tem aumentado de forma consistente desde 2017, ano em que começaram a ser recolhidos dados. Também um número crescente de outras características de diversidade, nomeadamente LBGTQ+, mobilidade social, neurodiversidade, deficiência, menopausa, idade e religião, tem sido objeto de um maior acompanhamento.
Percentagem de empresas que têm uma estratégia ou uma política em matéria de DEI
Fonte: Association of British Insurers Talent and Diversity survey 2021
Género
De um modo geral, a representação feminina é relativamente estável até ao nível de gestão de topo, no qual desce de uma média de 45% para 36% e diminui ainda mais nos níveis superiores.
Percentagem de mulheres em cada nível do setor
Fonte: Association of British Insurers Talent and Diversity survey 2021
Etnia
A representação étnica no setor dos seguros e de produtos de poupança a longo prazo é baixa e tem vindo a diminuir nos últimos anos, passando de 16%, em 2017, para 9%, em 2021. Esta redução global deve-se sobretudo a uma diminuição do número de trabalhadores de origem étnica diversa, incluindo pessoas negras, asiáticas e de minorias éticas nos níveis iniciais e intermédios que não exigem experiência de gestão, embora a representação a nível executivo tenha aumentado de 2% para 5%.
Representação total de pessoas negras e de minorias étnicas no setor em 2021
Fonte: Association of British Insurers Talent and Diversity survey 2021
LGBTQ+
Registou-se um declínio nas empresas com uma política específica de inclusão das pessoas LGBTQ+, de 36%, em 2020, para 26%, em 2021. Ao mesmo tempo, tem-se registado um aumento constante do número de redes internas e de organizações externas que apoiam a inclusão/representação das pessoas LGBTQ+ no local de trabalho.
Percentagem de empresas que têm uma política específica em matéria de DEI
Fonte: Association of British Insurers Talent and Diversity survey 2021
Mobilidade social
Nos últimos anos, as organizações tornaram-se mais conscientes da mobilidade social como uma categoria da diversidade, com cada vez mais empresas a recolherem dados sociais sobre os seus funcionários. Mais de um quarto (29%) das empresas recolhem já dados sobre a mobilidade social no setor dos seguros e outros 20% planeiam fazê-lo no futuro.
Percentagem de empresas que recolhem dados sobre mobilidade social
Fonte: Association of British Insurers Talent and Diversity survey 2021
Neurodiversidade e deficiência
A neurodiversidade ainda está a emergir como uma característica reconhecida em matéria de DEI. Por conseguinte, ainda não está incluída de forma generalizada na análise de dados sobre a diversidade. Apenas 14% das empresas abrangidas pelo inquérito da ABI têm políticas específicas de apoio a pessoas neurodiversas no local de trabalho. Nenhum dos inquiridos tem metas para o recrutamento de pessoas com deficiência. No entanto, dois terços (66%) das empresas trabalham com organizações externas para apoiar a inclusão ou a representação de trabalhadores com deficiência no local de trabalho.