Existe, hoje, uma elevada pressão sobre a margem das empresas industriais, devido a factores como o aumento da concorrência, exigências dos consumidores na qualidade e serviço, disrupção do mercado energético, imposições crescentes de compliance, …
Parte significativa das empresas já desenvolveu iniciativas de optimização de custos, contudo, estas têm tipicamente um cariz demasiado micro, focando-se i) na negociação de preço com fornecedores, e ii) na redução dos custos variáveis facilmente accionáveis, carecendo, portanto, de um impacto significativo na Estrutura de Custos, e na melhoria da margem.
A KPMG tem vindo a apoiar um conjunto de clientes na melhoria da eficiência operacional via uma optimização end-to-end da sua Cadeia de Valor, em parceria com as áreas operacionais responsáveis, potenciando uma melhoria das margens operacionais sem prejuízo dos níveis de serviço (savings reais tipicamente superiores a 15% da estrutura de custos operacional endereçável).
Vertentes típicas de optimização
Não existe uma solução one-fits-all de optimização de custos: existe, contudo, um conjunto de vertentes típicas de optimização que devem ser analisadas, e com potenciais de melhoria distintos consoante a organização e a sua maturidade.
Produção
- Não utilização da capacidade produtiva máxima resultante de um conjunto de factores endereçáveis: downtime mitigável, variabilidade do processo produtivo, escalonamento de RH desadequado, …
- Incapacidade de identificação de relações causa-efeito estruturais entre reduzidos níveis de eficiência/ desperdício e o processo produtivo;
- Incapacidade de geração de business case estruturados para duas decisões críticas de shop-floor: 1) substituição de equipamentos que permitam aumentar a sua taxa de utilização eliminando o downtime associado aos mesmos ou aumentar a eficiência energética, e 2) automatização do processo produtivo, potenciando eficiência;
- Inexistência de um programa de melhoria contínua do processo produtivo que permita minimizar todos os desperdícios, ineficiências e variabilidade do processo.
Eficiência Produtiva via Digitalização
- Existência de limitações na captura de informação no shop floor, pela 1) multiplicidade de SI (ERP, MRP, Planeamento, picagens,…), e 2) manualidade na recolha e tratamento da informação (ficheiros de suporte ou inserção directa em plataformas, para recolha periódica de, p.e., tempos, quantidades e motivos);
- Existência de limitações no tratamento da informação: 1) Disponibilização de parte da informação em lógica teórica (ex: consumos e tempos padrão); 2) Disponibilização da informação numa lógica histórica e não real-time, reduzindo capacidade de corrigir ineficiências; 3) Excesso de informação disponível vs informação realmente necessária, limitando a sua utilização para optimizar decisões de gestão (“que impacto nos resultados?”);
- As empresas tipicamente adiam a tomada de decisão dados os investimentos previstos serem elevados e a implementação morosa, bem como a inexistência de business case para substituir o seu parque de máquinas por forma a permitir esta evolução.
Supply Chain e Planeamento
- Planeamento suportado em ferramentas manuais, com uma base predominantemente histórica, não integrada entre as diferentes áreas (Comercial, Produção, Supply Chain, Procurement,…), potenciando ineficiências a vários níveis (ex: ineficiência equipamentos, stock de produto acabado,…);
- Ausência de um acompanhamento e quantificação detalhada de todos os estrangulamentos associados ao processo logístico (ex: tempos de descarga e capacidade de armazenamento de matéria-prima vs produto acabado), limitando a capacidade de actuação;
- Reduzida optimização de fluxos, quer numa lógica interna, quer no Inbound/ Outbound, com base em ferramentas de AI optimizadoras de eficiência;
- Visão pouco disruptiva da Supply-Chain (“sempre fizemos assim”), não questionando soluções promotoras de eficiência não tradicionais (subcontratação, lógicas as-a-service, compra/venda de elos da cadeia,…).
Procurement
- Inexistência de uma estratégia de Sourcing to Procurement alicerçada num conhecimento detalhado das compras da organização ("Qual o potencial de optimização das categorias de compras mais relevantes?”, “Qual o seu factor diferenciador: qualidade, custo ou disponibilidade?”), dificultando a previsão de consumos anuais e a negociação programada, impossibilitando ganhos de escala inerentes (até 20%);
- Reduzida estruturação e optimização dos processos de compras (ex: acordos de quadro, RC/OC automáticas,…), resultando em excessivo trabalho manual e morosidade do processo (organizações de compras eficientes podem gerir volumes de compras 5x superiores a organizações ineficientes – até 25M€ / FTE – e os lead-times de procurement podem ser até 25% inferiores);
- Inexistência de mecanismos efectivos de qualificação e avaliação dos fornecedores;
- Desadequação de níveis de aprovação (~80% do esforço tipicamente associado a ~20% do valor de compras).
Comercial
- Processos comerciais e de marketing tipicamente não asseguram o adequado ritmo e pressão que potenciem o tráfego e conversão de clientes para objectivos de crescimento ambiciosos:
- Processos pouco sistematizados e dependentes dos técnicos comerciais (sales funnel pouco utilizado), com ciclo de reuniões de acompanhamento efectuado de forma ad-hoc, o que resulta em diferenças de produtividade de vendas substanciais (até 10x);
- Marketing orientado a acções tácticas e sem Plano Estratégico definido (curto-médio prazo);
- Incremento contínuo das tarefas administrativas (ascende a 40% do tempo total) alocadas a comerciais diminuem potencial de venda dos mesmos;
- Desadequado custeio industrial, baseado em dados predominantemente teóricos e/ou não actualizados, impactando negativamente o pricing, o cálculo da margem, e as decisões de produtos/mercados a privilegiar.
Áreas de Suporte
- Existência de zonas cinzentas/de sobreposição/duplicação de funções, geradoras de ineficiência, resultantes do facto do foco principal da gestão se encontrar nas áreas core da organização;
- Sobrecarga de elementos seniores com tarefas de reduzido valor acrescentado;
- Reduzida automatização para tarefas repetitivas e simples, potenciando elevada alocação de recursos e níveis relevantes de lapsos/erros decorrentes de execução excessivamente manual;
- Elevado risco de erro associado à utilização de softwares de gestão legacy, com carências de actualizações;
- Inexistência de uma cultura de cliente interno, com níveis de serviço implementados e controlados;
- Funções de Controlo pouco suportadas em mecanismos de análise e tratamento de Big Data/AI, permitindo um controlo mais detalhado, abrangente e eficiente.
Visão KPMG sobre optimização de custos
A visão da KPMG face à optimização de custos foca-se na melhoria da eficiência transversal ao longo da cadeia de valor, abrangendo quer a i) optimização do modelo de negócio da organização, quer a ii) racionalização da sua despesa corrente.
Entendemos que, para desbloquear poupanças materiais e sustentáveis, um processo de optimização de custos deve, suportado numa compreensão estratégica da organização, abranger duas vertentes críticas: compreensão de objectivos e posicionamento estratégico, e melhoria da margem operacional (sustentável nos anos seguintes).
I. Compreensão do posicionamento estratégico da organização
Contexto de negócio e definição dos objectivos de negócio;
Compreensão do Posicionamento Estratégico e acções previstas.
II. Optimização do modelo de negócio
Adequação da estrutura e dos serviços, alinhado com as best-practices;
Excelência do Modelo de Funcionamento, com melhoria de produtividade e eficiência operacional.
III. Racionalização da despesa corrente
Racionalização de Custos Correntes;
Optimização do Plano de Investimentos.
…Devendo ser transversal à cadeia de valor para ter o maior impacto possível.
A abordagem que propomos pressupõe seleccionar as áreas com maior potencial de melhoria, detalhando-se, seguidamente e já de modo focado, as acções e soluções a implementar, sendo as áreas operacionais parceiros críticos na sua definição e implementação.
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