A pandemia da COVID-19 tem demonstrado que nenhum sistema de saúde “é uma ilha” e que todos os países têm algo a ensinar e algo a aprender com o modo como esta pandemia tem sido gerida.
Global Head of Healthcare, Government and Infrastructure
KPMG International
Senior Partner
KPMG in the UK
A COVID-19 fez com que os sistemas e organizações de cuidados de saúde de todo o mundo adoptassem rapidamente soluções digitais. Em muitos países, os canais digitais tornaram-se os únicos canais disponíveis para os pacientes puderem ter acesso aos serviços clínicos. Quase três quartos de todas as consultas de ambulatório e de medicina geral, de todo o mundo, foram realizadas a virtualmente.
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Quando a crise da pandemia atenuar, não prevemos o encerramento dos canais digitais, uma vez que os pacientes e prestadores de cuidados adoptaram a conveniência e a flexibilidade deste tipo de atendimento. Actualmente, e assim que entrarmos na nova realidade pós-COVID-19, uma das principais preocupações de qualquer sistema de saúde será dimensionar e sustentar estas interacções digitais.
Em resposta à pandemia, diversos sistemas de saúde em todo o mundo, como a China, Espanha e EUA, adoptaram medidas rigorosas de controlo de infecções, incluindo a separação de pacientes com COVID e não COVID, para evitar a propagação em hospitais e lares.
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Embora seja uma medida eficaz de controlo de infecções, verificou-se que um efeito colateral da implementação de locais próprios para cada paciente foi a redução da capacidade, principalmente para procedimentos não urgentes. Agora, ao entrarmos na nova realidade pós-pandemia, tentar gerir a acumulação de casos não urgentes irá constituir um desafio e exigirá novos fluxos de pacientes nos sistemas de forma a gerir a situação de forma eficaz.
Em resposta à pandemia, alguns países estão a implementar locais Hot e Cold. Os locais Cold correspondem ao serviço de atendimento médico não-COVID, de forma a reduzir o risco de infecção dos pacientes. Os locais Cold operaram de forma eficiente, sem interromper o trabalho urgente e adoptam procedimentos electivos. A criação destes locais Hot e Cold irá ser imprescindível para fornecer os novos fluxos de pacientes necessários devido à COVID-19. Foram formadas parcerias público-privadas em alguns países para ajudar a expandir a capacidade do sector público neste sentido.
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Com a COVID-19, foi notório o esforço contínuo por parte dos sistemas de saúde na prestação de cuidados na forma mais adequada, especialmente fora do contexto hospitalar (por exemplo, cuidados básicos, cuidados domiciliários e comunitários, etc.). Este rápido aumento da procura expôs a falta de escala e de centralização dos cuidados básicos e serviços especializados, que serão necessários para facilitar a entrada de qualquer sistema de saúde na nova realidade pós-COVID-19.
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As populações idosas são particularmente vulneráveis à COVID-19 e a gestão da propagação do vírus tem sido um desafio nas estruturas de cuidados continuados de todo o mundo. No meio deste período sombrio do sector, existem alguns países que se destacaram ao agir rapidamente para proteger a vida da população idosa.
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A COVID-19 expôs falhas na organização dos sistemas de saúde e de cuidados de saúde. Tradicionalmente, os serviços de assistência a idosos não são vistos como parte integrante do sistema de saúde. No entanto, muitos governos reconheceram esta supervisão e estão a tomar medidas. Actualmente, e na nova realidade pós-COVID-19, existe uma necessidade urgente e crescente de investir e integrar efectivamente os serviços de assistência a idosos nos sistemas de saúde.
Além do impacto da COVID-19 na saúde, estão também a ser sentidos diversos impactos comerciais, particularmente na nas cadeias de fornecimento. O coronavírus expôs as vulnerabilidades das cadeias de fornecimento offshore e "just in time" que se baseiam em princípios de produção básicos. Muitos governos assumiram a liderança na aquisição de Equipamentos de Protecção Individual (EPI), e outros como a Rússia, EUA, Alemanha e Arábia Saudita, realocaram, a nível nacional, a produção crítica de fornecimento de materiais médicos e de protecção. Adicionalmente, em alguns locais, as cadeias de fornecimento locais de EPI eliminaram regulamentos e burocracias, de forma a criarem novas relações entre fabricantes, universidades e especialistas de procurement.
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À medida que a “nova realidade” entra em cena, os sistemas de saúde terão de transformar digitalmente os seus modelos de cadeia de fornecimento e outras funções intermédias e de back-office para se tornarem mais resilientes e responsivos às mudanças nas prioridades clínicas. É possível alcançar maior resiliência através de:
- Maior quantidade de stock;
- Diversificação de fornecedores;
- Nacionalização ou regionalização das cadeias de fornecimento.
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Em alguns países, os sistemas e organizações de saúde perceberam a importância de insights baseados em dados para as tomadas de decisão estratégicas e operacionais. Estão a ser desenvolvidos Centros de Comando semelhantes aos sistemas de controlo de tráfego aéreo, para gerir os cuidados de forma muito mais eficaz e eficiente.
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Enquanto alguns sistemas de saúde estão a fazer progressos nestas áreas, a maioria a nível global não possui um sistema inteligente centralizado e orientado por dados, que possa gerir recursos e atribuir volumes de pacientes de forma eficaz e eficiente, algo que será útil na nova realidade pós-COVID-19.
Os profissionais de saúde têm sido o rosto heróico da pandemia. Durante a fase de resposta, os sistemas e fornecedores de saúde descobriram que os seus modelos de planeamento e de implementação da força de trabalho tinham limitações. Abaixo estão exemplos de alguns sistemas que foram capazes de evoluir os seus modelos para superar alguns destes desafios:
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Para se preparar para uma "queda de pessoal" devido à exaustão física, mental e emocional, e apoiar as operações numa nova realidade pós-COVID-19, os modelos de força de trabalho terão de se transformar de modo a se tornarem ágeis, a utilizar insights baseados em dados e a capacitar os seus trabalhadores.
A COVID-19 expôs a necessidade de trabalhar em colaboração, de forma a lidar com os desafios impostos nas forças de trabalho, nas cadeias de fornecimento, infra-estruturas, entre outros. Através da nossa rede global, ouvimos falar da ampla cooperação local, regional e nacional e, esta tendência parece aumentar, à medida que os sistemas de saúde avançam em direcção à “nova realidade” pós-pandemia.
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Dada a natureza acelerada das mudanças implementadas na maioria dos sistemas de saúde, foi adoptada por alguns países uma abordagem ágil de gestão de projectos. Por exemplo, no Reino Unido, o SNS aplicou esta abordagem ao converter um centro de exposições num hospital de campanha (Nightingale London) em apenas nove dias.
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Para apoiar a nova realidade pós-COVID-19, os fornecedores e os governos terão de adoptar abordagens mais ágeis para a gestão de projectos que lhes permitam implementar mudanças rápidas, assim como iniciativas de melhoria de desempenho.