Para marcar o mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres, a entrevistada da 14ª Newsletter ESG é Nelmara Arbex. A executiva, que está à frente da área de ESG da KPMG no Brasil e na América do Sul desde 2021, conta um pouco da sua história e do avanço da Sustentabilidade no Brasil.

Quais desafios você enfrentou para alcançar uma posição de liderança na área de Sustentabilidade?

Os principais desafios eram o fato de que os líderes empresariais, em geral,  achavam que estávamos falando de ações filantrópicas e não sobre decisões cotidianas dos negócios e a conexão delas com aspectos sociais, ambientais e éticos.

Outro desafio era gerar conhecimento adequado para os tomadores de decisão utilizarem nos momentos de tomada de decisão e nos fóruns de negócios.

Mas logo fui reconhecida como porta-voz do movimento e isso foi, de cara, no início da história desses temas, uma vitória.

O gênero, em algum momento da sua carreira, foi um fator limitante?

Essa não é uma pergunta fácil de responder. As limitações por gênero existem em vários espaços, mas estes também já mudaram muito nos últimos 20 anos.

Na minha vida profissional anterior, acadêmica, em física teórica, ou em alguns ambientes empresariais, claramente o gênero era um fator limitante. Mas minha estratégia foi sempre procurar ambientes em que eu poderia continuar me desenvolvendo e isso me ajudou a achar espaços nos quais as limitações eram menos relevantes. 

Em sua opinião, o ambiente corporativo, sobretudo na área de Sustentabilidade, tem avançado no tema “equidade de gênero”? Comente, por favor.

Uma vez, li uma entrevista do New York Times em que algumas celebridades respondiam se elas achavam que a agenda de gênero estava se movendo na direção da equidade e qual seria um indicador para isso. Uma das entrevistadas, uma líder global, respondeu que o indicador que ela utilizava era o número de mulheres em cargos de grande responsabilidade, mas que eram despreparadas, como temos homens nestas posições. Se os números fossem próximos, isso seria  um indicador de equidade.

Além de uma provocação, achei a reflexão interessante. Somos, em geral, muito mais exigentes com mulheres em cargos de direção do que somos com homens. Aceitamos mais os pontos mais fracos deles do que das mulheres. Nesse sentido, temos todos que nos reeducarmos.

E, claro, nas frentes mais conhecidas também temos muito o que fazer: salários equivalentes para homens e mulheres com as mesmas responsabilidades, compartilhamento das tarefas familiares para maior apoio à vida profissional feminina, número de mulheres em cargos de liderança e conselhos, entre outros exemplos.

Há muito o que fazer.

Quais sugestões você daria para as mulheres que estão iniciando na área de Sustentabilidade?

O meu conselho é para mulheres que estão iniciando em qualquer carreira: o mundo muda. Não faz muito tempo que mulheres não votavam e não podiam ter conta em bancos. Hoje, nós, mulheres, somos eleitas líderes de economias globais e CEOs de instituições financeiras. Nunca se esqueçam disso. Façam o que vocês acharem motivador e da melhor forma possível. Não foram as mulheres (nem homens) que seguiram todas as regras que mudaram suas realidades, mas as que ousaram e acharam o seu jeito de fazer as coisas.


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