Empresas familiares brasileiras são ágeis e se adaptam facilmente a mudanças

Analisar as empresas familiares no Brasil é entender o mercado brasileiro de forma ampla, uma vez que são maioria no país. Examinar e compreender a estrutura, as práticas e os objetivos dessas empresas permite traçar um retrato importante sobre um número significativo de negócios brasileiros, assim como as perspectivas sobre o futuro do ambiente de negócios no país.

Com esse objetivo, o ACI Institute e o Board Leadership Center da KPMG no Brasil produziram a pesquisa A Governança Corporativa nas Empresas Familiares Brasileiras. O levantamento traz insights relevantes de conselheiros, líderes executivos e membros de famílias empresárias sobre diversas questões pertinentes para as empresas familiares, incluindo dados sobre remuneração, sucessão e estruturas de governança corporativa, entre outras.

Essas empresas são conhecidas por sua agilidade e capacidade de adaptação, características que permitem a elas crescer e investir em governança. Com resiliência e otimismo, essas organizações têm se destacado no mercado brasileiro.

As empresas familiares demonstram otimismo em relação ao desempenho nos últimos 12 meses, segundo o levantamento. A maioria dos respondentes avaliou positivamente o desempenho das empresas e relatou crescimento na receita, na lucratividade, nos investimentos e no número de funcionários.

Para 2023, as expectativas são igualmente positivas, evidenciando um ambiente de confiança para esses negócios — 58% esperam um aumento do quadro de funcionários; 81%, aumento nos investimentos; e 75% preveem um aumento da lucratividade.

Além disso, a publicação também destaca a capacidade de adaptação e transformação das empresas familiares brasileiras, uma de suas características mais importantes. Esse dado está diretamente relacionado à tomada de decisões de forma rápida e flexível, identificada como o maior ponto forte dessas organizações.

Com uma forte resiliência, as empresas familiares brasileiras enfrentam constantes desafios diante do panorama econômico atual. Esse cenário também afeta o planejamento de sucessão nesses negócios e 73% dos respondentes indicaram não haver expectativas de mudança na gestão nos próximos três anos.

Essa opção não significa falta de profissionalismo ou enfraquecimento das práticas de governança. Pelo contrário, a pesquisa mostra que 53% reconhecem que as boas práticas de governança corporativa são fundamentais para o sucesso do negócio.

Para manter a saúde e longevidade das empresas familiares, a governança e a sucessão são fundamentais. Compromissos observados na preocupação dos líderes entrevistados com a criação de conselhos de administração, a inclusão de conselheiros independentes e a formalização de acordos de acionistas, entre outras estratégias.

Manter vivo o legado da família e preparar as empresas familiares para um mercado competitivo são dois grandes objetivos. O que, possivelmente, explica a percepção dos respondentes sobre o preparo da próxima geração para assumir a gestão dos negócios: 31% acreditam que ela ainda não está preparada e 42% consideram que está parcialmente preparada.

Além do conhecimento sobre o negócio, a manutenção dos valores da família na empresa durante o processo de sucessão é essencial para a transferência bem-sucedida da gestão, indo além da mera substituição de liderança.

Por esses motivos, a qualidade das decisões, a coesão familiar e o desenvolvimento de talentos são tão importantes quanto as questões financeiras para a longevidade das empresas familiares. Se não houver um alinhamento desses fatores, pode haver uma falta de flexibilidade e agilidade necessárias para enfrentar as turbulências do ambiente em que esses negócios operam.