Analisar uma cadeia de valor complexa como a do segmento de caminhões, composta por diversos participantes, é um grande desafio. No entanto, em um país como o Brasil, em que uma parte significativa da malha de transportes é rodoviária, o conhecimento sobre o setor pode influenciar decisões de negócios e gerar insights valiosos.

Por isso, com o objetivo de mapear o cenário atual do segmento de caminhões no Brasil, a KPMG, a SAE Brasil e a AutoData desenvolveram a Pesquisa Caminhões SAE Brasil 2022. O estudo contou com a participação de representantes do setor e destaca dados sobre os aspectos estratégicos, a matriz energética e o relacionamento com clientes.

Entre os entrevistados, 74% deles estão ligados à indústria fabricante de veículos utilitários leves e caminhões e 26% atuam de alguma forma na operação logística sobre rodas.

Combustíveis alternativos e gestão de frotas são pontos focais da indústria

Os investimentos para a melhoria da eficiência energética de motores a combustão e o desenvolvimento de propulsão limpa, com o uso de eletrificação, gás, hidrogênio e biocombustíveis, estão no topo das prioridades dos profissionais consultados pelo levantamento.

O resultado da pesquisa mostra que a oferta de motores mais eficientes e econômicos é essencial para conquistar clientes do setor de transporte, já que os custos com combustível são os mais altos da operação. Ao mesmo tempo, é preciso desenvolver alternativas ao diesel para atender às metas de descarbonização e às regulamentações ambientais.

Os dados trazidos pelo estudo demonstram ainda importância dos recursos direcionados à gestão de frotas com o uso da digitalização e da conectividade avançada por meio de redes 5G, entre outras tecnologias.

Descentralização dos modais de transporte é favorável para o sistema rodoviário

Segundo os entrevistados, o segmento de caminhões vê de forma positiva a expansão de outros modais de transporte de carga no País, como o ferroviário e o hidroviário. Além disso, mais de 90% dos participantes concordam que os investimentos em infraestrutura criarão um ambiente mais eficiente, barato e seguro para o transporte rodoviário.

Redução de emissões esbarra na troca dos veículos

Em relação às iniciativas de regulamentação do sistema nacional de transporte rodoviário, a pesquisa revelou que, para os entrevistados, é muito importante direcionar o foco para atender à legislação brasileira de emissões de poluentes e CO2 – caso do Proconve P8, que entrará em vigor a partir de 2023.

Contudo, o estudo comprova que a motorização a diesel continua dominando o setor de transporte rodoviário de carga e logística no Brasil. Entre os participantes que disseram estar propensos a comprar caminhões novos nos próximos quatro anos, 74,1% não pensam em adquirir veículos com propulsão alternativa e limpa.

Esse comportamento sugere que há poucas opções viáveis oferecidas além do diesel. Os profissionais mais dispostos a comprar caminhões com propulsão alternativa e limpa estão entre os embarcadores, gestores de frotas e operadores ou motoristas. Mesmo assim, apenas metade deles tem essa intenção.

Opções viáveis para a descarbonização da frota ainda são reduzidas

Alternativas ao diesel, como veículos elétricos, biometano ou hidrogênio ainda não são prioridade no segmento de caminhões. Entre os profissionais consultados, 45,7% avaliam que o diesel verde, como biodiesel ou HVO (óleo vegetal hidrogenado), é a primeira e mais favorável opção à realidade brasileira atual.

A substituição do diesel pelo HVO é hoje a solução mais rápida e viável para descarbonizar a frota nacional de caminhões. Isso ocorre porque, para adoção dessa opção, não há necessidade de investimentos altos no projeto dos motores dos caminhões ou nas refinarias de produção de combustíveis.

   

   

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