A análise do perfil das mulheres que atuam em conselhos no Brasil e suas qualificações para a posição constituíram o foco da pesquisa Retrato da Conselheira no Brasil, realizada pela WCD (WomenCorporateDirectors), com apoio da KPMG e do ACI Institute.
O estudo, inédito no país, visa dar visibilidade ao consistente grupo de profissionais capacitadas para ocupar a posição, mas que ainda representam apenas 14,3% das cadeiras nas companhias abertas no Brasil (de acordo com o estudo Governança Corporativa e Mercado de Capitais 2021/2022 do ACI).
A primeira edição da pesquisa teve a participação de 226 profissionais, sendo 200 conselheiras, de 11 estados do país e representação de 10 setores do mercado, e foi realizada entre os meses de junho e agosto de 2021.
Qualificação e preparo é prioridade para executivas
A sólida formação acadêmica e a preparação prévia das conselheiras é um dos destaques mostrados no levantamento. Entre as respondentes da pesquisa, 93% têm um ou mais diplomas além do ensino superior. Os mais recorrentes são de especialização ou MBA (58%) e de mestrado (27%). Há ainda 7% delas que concluíram o doutorado, e 2% o pós-doutorado.
O preparo para assumir uma cadeira nos conselhos é uma realidade para grande parte das profissionais. Antes de assumir o primeiro conselho, 39% das entrevistadas dedicaram entre um e cinco anos para a sua preparação, enquanto 9% investiram mais de cinco anos nesse processo.
Entre as principais estratégias de qualificação, estão as certificações para conselheiros (47%) e especializações na área de governança corporativa (46%).
Atuação paralela em outras atividades divide o tempo das conselheiras
Há uma grande parcela das profissionais que concilia a carreira executiva com a de conselheira: entre as entrevistadas, 28% são CEOs/presidentes, 26% estão em cargos de diretoria executiva ou líder de área em multinacionais, e 10% atuam como Chief Financial Officer (CFO)/diretora financeira.
Além disso, quase a totalidade das conselheiras (97%) atua simultaneamente em Comitês de Assessoramento.
Participação nos conselhos não evita barreiras
Com a pandemia, as questões sociais e o papel de responsabilidade corporativa ganharam destaque. Em meio a esse cenário, aumentou também a pressão de investidores, consumidores e outros públicos pela diversidade.
Muitas companhias começaram a enxergar o valor estratégico nas iniciativas sociais e a perceber a correlação entre essas questões e o desempenho financeiro das organizações. O conselho, como topo da pirâmide administrativa, norteia essas mudanças necessárias nas organizações.
Mas apesar de todo esse contexto e de um pequeno avanço com relação à presença feminina e demais minorias nos conselhos, ainda há muito o que fazer. Das 200 respondentes da pesquisa, 64% afirmarem que as mulheres representam, ou representavam, menos de 30% do colegiado e 19% disseram que a presença de mulheres era inexistente ou muito rara.
Entre os principais obstáculos enfrentados pelas mulheres em sua trajetória até os conselhos, as profissionais apontam o networking (citado por cerca de 40% delas), a resistência à mudança e a perpetuação de preconceitos, originados muitas vezes por vieses inconscientes.
A WCD é uma entidade sem fins lucrativos de atuação global, patrocinada pela KPMG, que atua no fomento à diversidade nos conselhos. No Brasil, reúne 300 profissionais, entre conselheiras e CEOs.
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